O romance "A Imperatriz que veio de Portugal", de Mercedes Balsemão, é apresentado pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, André Gonçalves Pereira, na quinta-feira, às 18h30, no restaurante A Comenda, em Lisboa.
A narrativa começa em 1529, quando o marido de Isabel viajou para Itália onde, entre outros assuntos, iria receber das mãos do papa a coroa de ferro da Lombardia e "a definitiva coroa imperial do Sacro Império Romano-Germânico, que o convertia em imperador de pleno direito, de toda a Cristandade", escreve a autora.
Isabel morreu dez anos mais tarde. Nesta altura, segundo a autora, está doente, sente a morte aproximar-se e mandou chamar Juan Prado de Tavera, cardeal de Toledo para, "como boa católica", se preparar para morrer.
Numa nota final, Mercedes Balsemão argumenta que "um romance histórico tem tanto de realidade como de ficção".
"A realidade fui buscá-la à investigação", escreve a autora, atestando que "durante dois anos" leu "livros de História, de ficção, artigos [e] documentos".
"Deambulei por uma época apaixonante de transformações culturais e sociais, vesti a pele de personagens renascentistas e, sobretudo, entrei na vida de uma das mulheres mais marcantes do seu tempo", escreve Mercedes Balsemão.
A autora, que anteriormente assinou contos integrados em antologias, sublinha que esta sua obra não é "uma biografia científica" e "a ficção ocupa boa parte" do texto, tanto mais que deu "asas à imaginação".
Uma das personagens que impressionou a autora foi Francisco de Borja, entretanto canonizado pela Igreja Católica.
Segundo a escritora, a "decisão de [Francisco de Borja] se dedicar à vida religiosa, perante a visão do cadáver deteriorado da imperatriz, sugere uma enorme devoção, talvez um amor platónico por aquela que serviu e que era a mulher mais bonita do seu tempo".
Mercedes Balsemão adverte os leitores que "outras divagações haverá, mas não são relevantes para o desvendar de tão fascinante personagem".
Isabel de Portugal, que foi pintada por Ticiano, era filha de D. Manuel I e da sua segunda mulher, D. Maria de Aragão e Castela. Nasceu em Lisboa, em 1503, e morreu aos 35 anos, no Palácio de Fuensalida, em Toledo, estando sepultada no Panteão Real do Escorial.
A infanta portuguesa foi mãe de Filipe I de Castela e avó de Filipe II, o que permitiu a este segundo monarca reivindicar a Coroa portuguesa, em 1580, após a morte de D. Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir.