A mostra, que vai poder ser visitada durante um ano, na Sala de Exposições Temporárias do espaço, abre ao público no mesmo dia em que é inaugurado o remodelado Paço dos Henriques, explicou hoje à agência Lusa fonte da Câmara de Viana do Alentejo.
A obra de requalificação e reutilização do Conjunto Paço dos Henriques, em Alcáçovas, implicou um investimento de cerca de 1,7 milhões de euros, com financiamento comunitário, e a sua inauguração está marcada para as 18:30 de domingo, devendo ser presidida pelo ministro-Adjunto, Eduardo Cabrita.
A exposição de Augusto Brázio, que abre ao público a essa mesma hora, é constituída por um conjunto de elementos fotográficos e textos alusivos ao Tratado de Alcáçovas, também conhecido como Tratado da Paz, assinado no Paço dos Henriques, a 04 de setembro de 1479.
Com a assinatura do Tratado de Alcáçovas, lembrou hoje esta câmara alentejana, "Portugal e Castela estabeleceram tréguas e acordaram entre si os 'caminhos' das descobertas".
"Foi a partir daí que a Europa foi ao encontro do Mundo. África, Ásia, América e Índia apresentam-se como novos mundos e é, a partir deste momento, que o Europeu encontra o outro", realçou o município.
Esta "forte marca da globalização, cujo primeiro passo foi dado em Alcáçovas com a primeira divisão do mundo, é também uma marca de diálogo, movimento, diversidade, partilha e património do futuro", acrescentou.
Por isso, continuou a autarquia, "num tempo em que todos" estão "em guerra", em Alcáçovas, um "lugar do interior de Portugal, promove-se a paz", precisamente no espaço onde foi "celebrado o Tratado da Paz".
"É este o desafio que este novo equipamento cultural terá de abraçar e que Augusto Brázio quis retratar" na sua exposição "PAZ", assumiu a Câmara de Viana do Alentejo.
O agora remodelado Paço dos Henriques, explicou à Lusa a 24 de agosto o presidente do município, Bernardino Bengalinha Pinto, vai acolher um centro interpretativo, área de exposições, posto de turismo, núcleo documental e um espaço dedicado à arte chocalheira, classificada Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Para o paço, está também a ser pensada a criação de um centro UNESCO dedicado aos bens europeus classificados como Património Cultural Imaterial da Humanidade, num projeto que se encontra em curso e que junta a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e o município.
Propriedade do Estado, o Paço dos Henriques passou para as mãos da autarquia, que desenvolveu o projeto de requalificação em parceria com a Direção Regional de Cultura do Alentejo, após um protocolo com a Direção-Geral do Tesouro e Finanças.
Além de acolher a assinatura do Tratado de Alcáçovas, entre D. João II e os reis católicos, o paço serviu de residência real e foi palco de casamentos reais.
Esteve sempre na posse de famílias ilustres, a última das quais a família dos Henriques, condes de Alcáçovas, e, a seguir ao 25 de Abril de 1974, foi ocupado por Unidades Coletivas de Produção (UCP). Mais tarde, foi adquirido pelo Estado e, em 1993, o Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico classificou-o como imóvel de interesse público.