'Faz-te ao largo', de Carlos Cabral, estreia em setembro
A peça 'Faz-te ao largo', de Carlos Cabral, com encenação de Rui de Matos, protagonizada por Alberto Villar e Carlos Quintas, estreia em Lisboa em setembro na Casa do Artista, antes de iniciar uma digressão nacional.
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Cultura Casa do Artista
A peça "é um quadro da vivência de duas pessoas, que tende a ter alguma comicidade, e ao mesmo tempo, reviver alguns aspetos da nossa história recente, dentro de uma situação de pura e absoluta brincadeira", disse à Lusa Rui de Matos.
"O ponto essencial da peça é a denúncia da falcatrua, a vários níveis, desde o vulgar burlão aos falsos profetas", acrescentou.
Dois homens, com um passado comum numa ex-colónia africana portuguesa, reencontram-se 40 anos depois, num quarto alugado, adiantou à Lusa fonte da Jafes Produções sobre a trama da peça.
"Um, Zorba, é apaixonado pela música, mas que fez sempre toda a sua vida de esquemas, ora, cravando uns, com alguns escudos, ora vivendo à conta de outrem, um 'bon vivant', sempre chapa ganha, chapa gasta, que cumpriu em África o serviço militar, o outro, vindo da aldeia, procurando melhores condições de vida, rumou também a África, mas com a intenção de uma vida normal e regrada, com a mulher, e, no seu dia-a-dia de empregado do Café Continental, chama-se Anselmo".
"Faz-te ao largo" tem antestreia marcada para o dia 01 de setembro no Teatro Armando Cortez, anexo à Casa do Artista, em Carnide, em Lisboa, e cuja receita reverte na totalidade para esta instituição de solidariedade social.
A peça, à qual Rui de Matos se referiu como "uma comédia de costumes", está em cena neste teatro até 18 de setembro, "com a particularidade de em cada sessão, metade da receita reverter para uma instituição de solidariedade social ou corporação de bombeiros", disse à Lusa fonte da produtora.
"Há já várias instituições e corporações escolhidas, mas há ainda sessões para as quais estamos abertos a receber propostas das entidades de solidariedade social", acrescentou a mesma fonte.
Segundo a mesma fonte, em digressão, a peça prosseguirá o mesmo objetivo, isto é, metade das receitas líquidas da sala reverte para uma instituição de solidariedade social ou bombeiros.
O encenador recusou qualquer extrapolação da peça, para além da própria ação dramatúrgica.
"Atualmente, há uma tendência para pegar em coisas muito inócuas e dar-lhes umas importâncias que as peças não têm, nem estão lá", sentenciou.
"Aqui, o caso é uma anedota, dois homens que se reencontram passados 40 anos e que há um conflito pendente dessa época, que nada tem a ver com algum aspeto político, sociocultural, ou socioeconómico. É uma coisa extremamente simples, um fator relacional, mas é curiosa a situação em que se reencontram, completamente inverosímil para se encontrarem duas pessoas", contou Rui de Matos.
"Não é uma peça fácil, pois vive muito de um diálogo que tem de ser particularmente expressivo e bem representado, o que realça o trabalho dos dois atores", rematou.
Relativamente ao cenário e à cenografia, foram pensados tendo em conta que é uma espetáculo de itinerância, disse Rui de Matos, que afirmou ter tido especial preocupação com a marcação dos dois atores no espaço de um quarto.
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