O roteiro da obra pública de Luis Ferreira da Silva (1928-1916) e um documentário sobre o artista e sua obra foram hoje lançados no âmbito do Programa "Caldas Cidade Cerâmica", um projeto com 34 iniciativas que pretendem ser a génese de uma candidatura a "cidade criativa" da Unesco a apresentar em 2020.
A rota inclui "dez trabalhos desenvolvidos em cerca de duas décadas, entre 1989 e 2010", explicou João Bonifácio Serra, responsável pelo projeto que se desenvolve ao longo de todo ano e que marca também o regresso da Festa da Cerâmica ao Parque D. Carlos I.
O Jardim da Água, junto ao Hospital Distrital das Caldas da Rainha, construída ao longo de duas décadas, é a peça de maior dimensão da rota que inclui ainda grandes instalações urbanas como um obelisco a D. Leonor (fundadora da cidade) e um mural dedicado a Orpheu e Eurídice, instalado num viaduto sob a linha do caminho-de-ferro.
Da rota fazem ainda parte obras instaladas nos edifícios da câmara e da Associação de Municípios do Oeste (OesteCim), no Centro de Formação para a indústria Cerâmica (Cencal), na Escola Raúl Proença e em estabelecimentos comerciais onde nos anos 60 Ferreira da Silva deixou o seu cunho.
"Poucas serão as cidades no mundo que ostentem uma tão profusa obra plástica em espaço de acesso público", sublinhou João Bonifácio, considerando que a cidade "não seria a mesma" sem a marca do artista falecido já este ano.
Para além da inauguração da rota e do lançamento do DVD a câmara das Caldas da Rainha pretende, ainda este ano, editar um segundo volume de uma obra dedicada a Ferreira da Silva, anunciou o presidente da câmara, Fernando Tinta Ferreira.
A par, "a câmara está disponível para ficar com a guarda do vasto espólio na posse da família" e, em conjunto com as peças já adquiridas pela autarquia junto das empresas e instituições onde o artista efetuou trabalhos, "reunir acervo para a criação de uma casa museu", acrescentou o presidente.
A casa museu "não foi ainda contemplada em nenhuma candidatura a fundos comunitários, mas estamos a avaliar a forma de efetuar esse investimento, que estimamos poder ser concretizado até 2018", disse Tinta Ferreira à agência Lusa.
Ferreira da Silva morreu a 08 de março deste ano e é apontado como uma das maiores referências da cerâmica portuguesa dos séculos XX e XXI, tendo um percurso multidisciplinar nas áreas da cerâmica, pintura, escultura, desenho, gravura e vitral.
Teve obras expostas em vários países, entre eles na 5.ª Avenida, em Nova Iorque (Estados Unidos da América) e ganhou em 1967 uma bolsa da Gulbenkian que lhe permitiu desenvolver a sua arte em Paris (França).
Ganhou o prémio nacional de escultura com a obra "o Grito" na sequência de várias exposições na Sociedade Nacional de Belas Artes e na Gulbenkian.