Congresso da Língua Portuguesa pede bibliotecas na Guiné-Bissau

O primeiro Congresso Internacional do Ensino da Língua Portuguesa na Guiné-Bissau terminou hoje com um apelo para a criação de bibliotecas no país africano, onde nem nas universidades existe esta oferta para estudo.

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Lusa
25/06/2025 23:43 ‧ há 5 horas por Lusa

Cultura

Guiné-Bissau

Nas conclusões do congresso, que juntou durante três dias em Bissau académicos e especialistas de vários países lusófonos, ressalta a constatação de que a Guiné-Bissau não tem uma única biblioteca pública.

 

"Os responsáveis máximos têm que pensar nisso", considerou Ibraima Djaló, diretor da Escola Superior de Educação- Unidade Tchico Té, a promotora e anfitriã do congresso.

Para este professor, não é possível "falar num país desenvolvido sem a base da educação e tem que ter bibliotecas".

A própria unidade Tchico Té, que ministra uma licenciatura e iniciará, em setembro em língua portuguesa, não tem biblioteca.

Naquele estabelecimento existe apenas o espaço do Instituto Camões, inaugurado há mais de 20 anos, para os estudantes aproveitarem.

"Mas e as outras especialidades? Não têm. É bom que seja encarado como um objetivo do país, se pensamos em desenvolvimento tem que se pensar naquilo que é base : a educação com materiais didáticos, bibliotecas em todas as escolas públicas", defendeu.

Segundo disse, os poucos espaços que existem com esta designação não são bibliotecas, são "uma sala com livros".

"Uma biblioteca pública faz falta no país", sublinhou, lançado o repto aos governantes para pensarem nisso.

Os três dias de congresso da língua portuguesa serviram para interação e debate académico e salientaram as lacunas no ensino.

De acordo com os dados que foram sendo divulgados, na Guiné-Bissau menos de 5% da população fala português, enquanto em outros países lusófonos a percentagem chegam aos 80% em Angola ou 48% em Moçambique.

Na Guiné-Bissau, segundo Ibraima Djaló, "falta a base fundamental, materiais didáticos, os alunos apreendem com o esforço dos professores e isso não é suficiente".

"É preciso material didático para todos os níveis de ensino. Como podemos desenvolver a língua portuguesa sem materiais", questionou.

A situação (instabilidade) política do país gera isso, faz com que o sistema educativo seja frágil, com atrasos no início das aulas ou paragens devido às greves, como observou.

Um passo em frente, como foi referido na sessão de encerramento do congresso, foi dado no ano letivo que está a terminar com a distribuição de manuais escolares aos alunos e de guias aos professores do ensino básico nas escolas públicas.

O congresso contou com o apoio, entre outros parceiros, do Instituto Camões, que apoia a licenciatura em língua portuguesa, a formação contínua de professores e o mestrado que arranca no próximo ano letivo e será o primeiro deste nível de ensino na Guiné-Bissau.

O diretor de serviços da língua do Instituto Camões, Rui Vaz, acompanhou o congresso e disse, à margem da sessão de encerramento, que continuará a apoiar no âmbito do próximo Plano Estratégico de Cooperação entre Portugal e a Guiné-Bissau.

O plano para os próximo anos está a ser preparado e o Camões está a fazer, juntamente com as autoridades guineenses e um grupo de investigação, que foi contratado para esse efeito, um documento estratégico para a língua portuguesa na Guiné-Bissau.

Segundo disse, aguardam o resultado dessa análise com pistas para "fazer mais e melhor" no próximo ciclo de projetos.

Os promotores do primeiro Congresso Internacional de Ensino da Língua Portuguesa na Guiné-Bissau encerraram os trabalhos com a perspetiva de que para o ano haverá "certamente o segundo congresso".

Leia Também: Marinha de Guerra da Guiné-Bissau está em quartel vendido há uma década

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