Obra de Caravaggio teve apoio do Papa e atrai multidões em Osaka25

A 'Deposição', do pintor italiano Caravaggio, está exposta no Pavilhão do Vaticano por vontade do Papa Francisco, que apoiou a presença da obra na Expo 2025 Osaka, a qual tem atraído multidões, conta à Lusa o padre Nuno Lima.

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Lusa
07/05/2025 06:14 ‧ ontem por Lusa

Cultura

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Pároco da catedral de Osaka, Japão, desde 2018, e vice-comissário do espaço do Vaticano, o qual está dentro do Pavilhão de Itália, o padre português diz que a exposição deste quadro tem atraído muitos visitantes, o que a Lusa constatou no local.

 

A 'Deposição' de Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio, foi criada no início de 1600, está conservada nos Museus do Vaticano e representa o momento em que o corpo de Jesus é descido da cruz por Nicodemos e João e colocado sobre a Pedra da Unção, na presença da Virgem Maria, Maria Madalena e Maria de Cléofas.

Questionado sobre se as visitas aumentaram com a morte do Papa Francisco, o pároco diz que não há relação direta.

"Penso que o número de visitantes tem sido bom, tem respondido às nossas expectativas, não creio que esteja relacionado coma morte do Papa Francisco", afirma.

Aliás, "quando foi da morte do Papa Francisco preparámos um espaço para as pessoas deixarem as flores (...), não creio que este aumento das visitas seja relacionado" com isso, "mas com o tema que escolhemos", refere Nuno Lima.

"O tema do espaço do pavilhão do Vaticano é 'A beleza leva à Esperança' ['La Bellezza porta Speranza', em italiano], estamos no ano da esperança, no ano santo da esperança", contextualiza.

A ideia que "tenho é que no meio de tanta coisa digital" que está patente na Expo 2025 Osaka "encontrar-se com o quadro do Caravaggio com aquela impressionante beleza leva as pessoas a virem ver, penso que é essa chamada da beleza" que atrai as pessoas ao espaço, considera Nuno Lima, que admite ter ajudado a trazer o quadro para a exposição mundial.

"Não fui eu o que escolhi, ajudei a preparar as coisas para a exposição. Quem escolheu foi o comissário, mas depois foi por vontade do Papa Francisco que o quadro veio", relata.

Isto "porque houve algumas dificuldades por parte do Vaticano em ceder um quadro tão importante, mas graças à intervenção do Papa Francisco pudemos trazer o quadro para ser exposto aqui", conta o padre português.

Falecido em 21 de abril, o Papa esteve no Japão em 2019 e "foi bem acolhido".

No entanto, "eu, pessoalmente, fiquei surpreendido com o espaço noticioso que deram à morte do Papa Francisco, não estava à espera que as cadeias de televisão japonesas" o fizessem, até porque "normalmente são mais reservadas, não só em relação ao cristianismo, mas também às religiões".

Contudo, "deram um espaço nobre, deram bastante tempo à notícia da morte do Papa Francisco", relatou o pároco da catedral de Osaka.

Sobre quem será o sucessor de Francisco, o padre considera que seja alguém "capaz de fazer pontes".

"Dizemos em português que o Papa é o sumo pontífice. O pontífice é de fazer pontes e eu penso que essa será a grande missão do Papa também a seguir ao Papa Francisco", prossegue.

Francisco "foi um Papa de fazer pontes e eu penso que o próximo poderá continuar", até porque "esse é o grande desejo não só dos católicos aqui no Japão, mas de todos" do mundo inteiro, "que o Papa seja neste mundo tão diviso, tão em guerra, uma pessoa capaz de fazer pontes", sublinha.

Nuno Lima veio para o Japão em 1999, "há 26 anos", sendo missionário da Boa Nova, instituto português que está presente no país desde essa altura, diz.

Atualmente, "como padre, faço o serviço que é necessário na catedral", numa comunidade que é pequena, mas que tem vindo a aumentar com os estrangeiros.

"A igreja japonesa é uma igreja feita sobretudo de japoneses, esses estão registados nas paróquias, e nós temos então cerca de 0,34% da população japonesa que está registada nas nossas paróquias, podemos dizer fiéis japoneses", afirma.

Agora, "sobretudo nos últimos anos há muitos estrangeiros que vêm para trabalhar no Japão e a realidade da igreja japonesa diversificou-se imensamente", conta.

Por exemplo, "na catedral temos neste momento ao domingo missas em japonês, em inglês, em vietnamita e em coreano", que "são as realidades mais presentes na igreja japonesa".

A realidade da igreja japonesa, "sendo pequena, tenta fazer pontes com as diversas realidades japonesas", tal como defendia o Papa Francisco.

De facto, "os números [de católicos] são muito pequenos, se quisermos incluir estrangeiros [chega a] 1%, mas o contacto dos japoneses com a igreja vai muito para além deste número", aponta.

Há quem tenha os filhos nos infantários ou escolas católicas. A universidade dos Jesuítas é uma universidade prestigiada no Japão, relata, acrescentado que a presença da Igreja Católica "nestes meios académicos, escolares, por exemplo, nos meios hospitalares vai muito além" que a presença nas igrejas.

A igreja no Japão, por ter uma comunidade pequena, vai ao encontro das pessoas em diversos lugares, sobretudo na área social, hospitais, na área educativa, nas escolas, sintetiza.

Os 133 cardeais eleitores que deverão eleger o novo Papa no conclave reúnem-se hoje na Capela Sistina a partir das 16:30 (14:30 em Lisboa), dando início a votações em segredo para eleger o sucessor do Papa Francisco.

A Expo 2025 decorre desde 13 de abril a 13 de outubro na ilha artificial de Yumeshima, localizada na orla de Osaka, Kansai, no Japão.

Leia Também: Cardeais iniciam votação de sucessor de Francisco preocupados com a união

 

 

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