Segundo a imprensa local, com "Sequelas do Brumário", de 130 páginas, fica concluída a trilogia poética em que Arménio Vieira, tal como nos dois livros anteriores, publica versos livres, notas poéticas e miscelâneas.
Citada na edição "online" do jornal A Semana, a contista brasileira Márcia Souto, responsável da Rosa de Porcelana Editora e há muito radicada em Cabo Verde, indicou que apenas cinco dos 90 textos são em verso, "poemas explícitos", e que a maior parte mostra-se em "prosa poética".
"Mas todos trazem reflexões poéticas, metapoéticas e filosóficas e literárias. A complexidade de autores como Arménio Vieira torna extremamente desafiante fazer leituras prévias de um projeto que ainda não se afirma como o fim de um ciclo, porque o autor, não obstante ter feito até aqui uma carreira constante, vive um novo ciclo que o desafia a dialogar com o público com mais frequência", considerou Márcia Souto.
Para a editora, acrescentou, é um "privilégio poder trabalhar com estetas tão criativos" como Arménio Vieira, dono de um texto que, na ótica editorial, "impõe um selo de qualidade" que não se orienta apenas para o público cabo-verdiano e lusófono.
"No caso de Arménio Vieira, é o próprio mercado mundial que chama por ele. É, a todos os títulos, um autor cabo-verdiano de dimensão internacional", referiu.
Márcia Souto indicou que a Rosa de Porcelana Editora está a apostar na internacionalização de Arménio Vieira, sobretudo juntos dos países que se expressam em língua portuguesa.
Em junho de 2013, "O Brumário" e "Derivações do Brumário", sob a chancela da Biblioteca Nacional de Cabo Verde e da Publicom, acabou com um interregno de três anos, quando Arménio Vieira publicou "O Poema, a Viagem, o Sonho", sequência lógica da mistura da poesia de "Poemas" (1981) e "MITOGrafias" (2006), da novela "O Eleito do Sol" 1990) e do romance "No Inferno" (1999).
Natural da Cidade da Praia, cidade presente em boa parte da sua poesia, dono de uma obra inconfundível, cabo-verdiana e ao mesmo tempo universal, Arménio Vieira revelou-se na primeira metade da década de 60 do século XX, juntamente com os também poetas cabo-verdianos Mário Fonseca e Osvaldo Osório.
Em 2009 tornou-se o primeiro escritor cabo-verdiano a obter o Prémio Camões, a mais importante distinção literária na língua portuguesa. "Sou um poeta, apenas isso", reagiu então.