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Ferro lembra "um dos nomes mais marcantes da poesia portuguesa"

O presidente da Assembleia da República manifestou hoje o seu pesar pela morte de Gastão Cruz, que recordou como "um dos nomes mais marcantes da poesia portuguesa" e que contribuiu "decisivamente para a renovação da sua linguagem".

Ferro lembra "um dos nomes mais marcantes da poesia portuguesa"
Notícias ao Minuto

21:48 - 20/03/22 por Lusa

Cultura Gastão Cruz

Numa mensagem de pesar enviada à Lusa, Eduardo Ferro Rodrigues recordou o percurso literário de Gastão Cruz, que morreu hoje aos 80 anos no Hospital Egas Moniz, em Lisboa.

"Além de poeta -- com obra publicada desde 1961, com 'A Morte Percutiva', que evidenciava já um afastamento das correntes neorrealista e surrealista que marcaram as gerações anteriores, revelando uma escrita densa, de sólida coerência formal que o passou a caracterizar --, foi também um importante ensaísta, como o demonstrou em 'A Poesia Portuguesa Hoje', de 1973, ou, mais recentemente, em 2008, com 'A Vida da Poesia --- textos críticos reunidos'", refere a nota.

O presidente do parlamento lembra que Gastão Cruz foi um dos organizadores da "Antologia de Poesia Universitária" (1964), "onde muitos grandes vultos da literatura da segunda metade do século passado foram publicados", como Alfredo Vieira da Luz, Almeida Faria, António Augusto Menano, António Manuel Lopes Dias, António Torrado, Armando de Carvalho, Boaventura de Sousa, Eduardo Prado Coelho, Ferreira Guedes, Fiama Hasse Pais Brandão, Francisco Delgado, João Columba, João Medina, João Rui de Sousa, Vieira da Luz, José Carlos de Vasconcelos, Luís Serrano, Luísa Ducla Soares, Luísa Neto Jorge, Manuel Alegre, Manuela Imar, Margarida Losa, Rui Namorado, Ruy Belo e Sérgio Cardoso.

A segunda figura do Estado referiu ainda alguns dos galardões com que o poeta foi distinguido ao longo da vida, como o Grande Prémio de Poesia CTT ou o Grande Prémio de Poesia Maria Amália Vaz de Carvalho, atribuídos pela Associação Portuguesa de Escritores (APE).

Em 2019, Marcelo Rebelo de Sousa outorgou-lhe o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

"Em meu nome e em nome da Assembleia da República, endereço as mais sentidas condolências à família enlutada e amigos", acrescentou Ferro Rodrigues.

Gastão Cruz, que nasceu em Faro em 1941, era licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e autor premiado de vários títulos de poesia e ensaio.

Foi nos tempos de estudante universitário que começou a publicar em jornais e revistas poemas e artigos sobre poesia. Na mesma altura, participou ativamente nas greves académicas de 1962 e foi um dos organizadores da "Antologia de Poesia Universitária" (1964).

O seu primeiro livro, "A Morte Percutiva", data de 1961. Depois, publicou, entre outros, "A Poesia Portuguesa Hoje" (1973), "Campânula" (1978), "Órgão de Luzes" (1990), "Transe -- Antologia 1960-1990" (1992) e "As Pedras Negras" (1995).

Os seus ensaios sobre poesia, "A Poesia Portuguesa Hoje", foram editados pela primeira vez em 1973. "A Vida da Poesia -- textos críticos reunidos" (2008) foi a mais recente recolha do seu trabalho ensaístico.

No ano seguinte, em 2009, reuniu a sua poesia no volume "Os Poemas", tendo posteriormente publicado "Escarpas" (2010), "Observação do Verão" (2011), "Fogo" (2013), "Óxido" (2015) e "Existência" (2017).

Entre 1980 e 1986 foi leitor de português no King's College, na Universidade de Londres.

Em 2018, foi distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Governo português, "em reconhecimento do inestimável trabalho de uma vida dedicada à poesia".

Ao longo da carreira, recebeu ainda, entre outros, o Prémio D. Diniz, em 2000, pelo livro "Crateras", o Prémio do P.E.N. Clube Português de Poesia, em 1985, 2007 e 2014, respetivamente, pelas obras "O Pianista", "A Moeda do Tempo" e "Fogo", o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 2002, pela obra "Rua de Portugal", e ainda o Grande Prémio de Literatura DST, em 2005, por "Repercussão", e o Prémio Literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa, em 2009, por "A Moeda do Tempo".

Em 2013, a Fundação Inês de Castro homenageou o poeta atribuindo-lhe o Prémio Tributo de Consagração.

Leia Também: Gastão Cruz. O poeta que fez "uma poderosa reflexão sobre a vida"

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