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Bienal de Veneza. Prémios para Christiane Jatahy e Samira Elagoz

A realizadora e autora brasileira Christiane Jatahy foi distinguida com o Leão de Ouro de carreira na área do teatro, enquanto o Leão de Prata foi atribuído ao cineasta finlandês Samira Elagoz, anunciou hoje a Bienal de Veneza.

Bienal de Veneza. Prémios para Christiane Jatahy e Samira Elagoz
Notícias ao Minuto

18:54 - 31/01/22 por Lusa

Cultura Teatro

Os prémios para o teatro deste ano, recomendados pelos diretores do departamento de teatro da Bienal de Veneza, Stefano Ricci e Gianni Forte (ricci/forte) e aprovados pelo conselho de administração do certame, serão entregues durante o 50.º Festival Internacional de Teatro, que terá lugar entre 24 de junho e 03 de julho de 2022, em Veneza.

A realizadora, autora, diretora de teatro e dramaturga brasileira Christiane Jatahy é descrita como "uma das figuras mais originais da vaga de teatro que varreu o Atlântico e regenerou a cena europeia nas últimas décadas", ao passo que o cineasta e 'performer' Samira Elagoz é destacado por entrelaçar as origens egípcias e finlandesas, e ser autor de documentários originais e abrasivos.

A bienal escolheu Christiane Jatahy por ser "uma observadora severa e aguda da crueldade violenta do mundo", introduzindo "uma linguagem intersticial original que funde o poder radical da sua dimensão poética com o contraponto do pensamento político cáustico, sempre permeado por um espírito intrépido de experimentação entre o presente e o passado".

"Anulando as regras dogmáticas da performance e desafiando os seus teoremas agonizantes, Christiane Jatahy funde os horizontes do cinema e do teatro, através de uma espécie de fricção pessoal Brechtiana-Wagneriana, para explorar os territórios mais espinhosos que melhor revelam a instabilidade da realidade fictícia encarnada pelas suas personagens/pessoas, orquestrando assim uma dança tentacular vertiginosa com a presença carnal dos seus corpos em movimento gritando verdades a todos os espectadores", escrevem Stefano Ricci e Gianni Forte na justificação para atribuição do prémio.

Os diretores de teatro da bienal destacam ainda o recurso da realizadora brasileira a uma câmara, com edição ao vivo, "como parte integrante da peça - ao estilo dos filmes de Cassavetes - desmantelando os dispositivos da ilusão naturalista para estruturar o seu próprio teatro" e criar "narrativas inesperadas e de uma beleza assustadora".

Samira Elagoz apresentou-se pela primeira vez na bienal de teatro com 'Seek Bromance', a sua mais recente criação e produto do confinamento da época da covid-19, um "romance situado no fim do mundo entre duas trans masculinas, uma saga de quase quatro horas desenvolvida em colaboração com Cade Moga", nas palavras do próprio artista.

Na motivação para atribuição do prémio, os diretores destacaram que Samira Elagoz traz o corpo para o palco, centra o seu olhar na solidão e na relação humana entre os géneros na era digital e explora as fronteiras entre o real e o virtual.

"Investigando os efeitos do amor, género, feminilidade, desejo, a sua consequente aniquilação e as brutais peças de poder encobertas, Samira Elagoz embarca numa viagem íntima e poética, mas irónica e perturbadora ao mesmo tempo, explorando os clichés e questões que dizem respeito não só à autorrepresentação nos meios de comunicação social, o comportamento do homem nas suas tentativas de sedução numa relação de dominação e/ou submissão, bem como o instrumento-corpo como o terreno para uma necessária e inevitável experimentação artística", acrescentam.

Nascida em 1968, no Rio de Janeiro, Christiane Jatahy é autora, realizadora teatral e cineasta, desenvolvendo desde 2003 um corpo de trabalho que explora zonas de fronteira entre disciplinas artísticas, entre realidade e ficção, ator e personagem, teatro e cinema.

Em 2016, Christiane Jatahy abriu o Festival Alkantara e em 2018 foi residente no Teatro S. Luiz, também em Lisboa, como Artista na Cidade.

Samira Elagoz nasceu em Helsínquia, em 1989, e é um cineasta e artista performativo finlandês-egípcio baseado em Amesterdão e Berlim.

Licenciou-se em coreografia pela Universidade das Artes de Amesterdão em 2016, mas entre 2013 e 2019, quando ainda era uma artista feminina, dedicou a sua prática artística à pesquisa e filmagem de homem cis e à construção de uma extensa coleção de primeiros encontros com estranhos masculinos, organizados através de várias plataformas online.

Em 2021, o Leão de Ouro de carreira para teatro da Bienal de Veneza foi para Krzysztof Warlikowski, enquanto o Leão de Prata foi atribuído a Kae Tempest.

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