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"Ao escrever em português apercebi-me que não me enganava a mim mesmo"

José, o fundador da banda de indie rock francesa Stuck in the Sound, lançou-se a solo pela primeira vez e o Notícias ao Minuto esteve à conversa com ele.

"Ao escrever em português apercebi-me que não me enganava a mim mesmo"
Notícias ao Minuto

17:04 - 23/07/21 por Natacha Nunes Costa

Cultura José

O luso-descendente e fundador da mundialmente conhecida banda de indie rock francesa Stuck in the Sound, José, lançou-se a solo pela primeira vez no dia 25 de junho, com um álbum cujo título não poderia deixar de ser mais adequado: 'Primeiro Disco'

Em conversa com o Notícias ao Minuto, o músico revelou que é a escrever em português que mais se sente concretizado e quando as palavras soam "como ecos do passado, das recordações de infância, da família", como é o caso da canção 'Dada', dedicada à avó.

Apesar do projeto a solo, os Stuck in the Sound continuam a ser uma parte importante da vida do artista que sonha com o momento de dar um concerto em Portugal, seja em conjunto ou a nível individual.

Após 18 anos de carreira em grupo, decidiu lançar-se a solo. Qual o motivo desta mudança?

Desde sempre compus muito e em estilos diferentes. Todas estas canções, que escrevi em paralelo com Stuck in The Sound, tinham que sair um dia. Faltava-me saber sob que forma o iria fazer. Foi apenas há dois ou três anos que decidi fazer este álbum híbrido, no qual, num estilo totalmente livre do ponto de vista da composição, pois canto em português e em inglês, misturei tudo o que gosto de compor: electro, folk, sinfonia e um pouco de música tradicional.

‘Primeiro Disco’ oferece uma narração quase biográfica. Em qual das músicas mais se revê? E porquê?

Quando comecei a escrever em português apercebi-me que não me enganava a mim mesmo. Que as palavras que saíam soavam como ecos do meu passado, das minhas recordações de infância, da minha família. A canção 'Dada' é um bom exemplo. É uma canção que fala da minha avó 'Dada'. O que canto são como flashs, recordações de infância, de comida, sensações do clima de Portugal, dos cheiros de hortelã e de pinheiros e recordações da minha avó, claro. A primeira vez que cantei 'Dada', chorei. Vi então que a minha intenção era completamente livre e sincera e que me fazia muito bem cantar esses temas.

Reuniu estes temas ao longo de quanto tempo?

Alguns datam de há quatro anos. ‘Dada’, ‘Primavera’ e ‘Fugir’ são os mais antigos. Mas nenhum deles era em português na altura. Tornaram-se lusitanos há dois anos.

O disco apresenta diversas sonoridades, quase como se fossem vários ‘Josés’ a contribuir para um só trabalho. Tinha curiosidade de abraçar um projeto com múltiplas personalidades, ou aconteceu por acaso? 

Quando componho não penso no estilo. Vem naturalmente. É uma escrita instantânea. Só conceitualizo depois. Neste álbum assumo totalmente o aspeto eclético da obra. Foi voluntariamente, mesmo se as canções são diferentes umas das outras, juntas são parecidas comigo. Mostram quem eu sou, quem se esconde por detrás do nome José.

Lançou o ‘Primeiro Disco’ a 25 de junho. Até ao momento, qual tem sido o feedback?

Não esperava ter um acolhimento tão bom. Ver que em Portugal a canção ‘Paraíso’ passa na Rádio e que saem artigos que elogiam o álbum aquece-me o coração e dá-me vontade de continuar esta nova aventura. Sempre em paralelo com Stuck in The Sound, claro!

Grande parte do disco é cantado em português. Identifica-se mais com a nossa língua, apesar de ter nascido em França?

Tenho um problema com a língua francesa a nível musical. Talvez um bloqueio?! Não consigo utilizar a língua francesa no meu universo musical, contrariamente ao português que, como o inglês, são línguas cantantes e muito maleáveis. Ao começar a escrever para o álbum senti logo que a língua portuguesa ia ser o vetor perfeito para dar a sentir o que queria exprimir nestas canções. 

Como é pertencer à banda ‘Stuck in The Sound’?

'Stuck in The Sound' é a mais bela aventura da minha vida. Vinte anos de carreira, sucesso pelo mundo fora, sempre com os mesmos cinco músicos. E é com muito orgulho que posso desde já anunciar que estamos a preparar um novo álbum para 2022.

Como é que arranja tempo para tantos projetos ?

Quando se tem paixão, torna-se vital! Encontra-se então tempo para fazer tudo.

Há concertos agendados para Portugal? Quando e onde?

Para já ainda não há concertos previstos. Mas sonho tocar em Portugal, tanto com o meu projeto solo como com a minha banda Stuck in The Sound.

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