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Governo cria "grupo de projeto" para tratar do património fotográfico

O Governo criou um "grupo de projeto" que ficará responsável pela inventariação e salvaguarda do património fotográfico nacional, com vista à criação de um Museu Nacional da Fotografia, de acordo com um despacho hoje publicado em Diário da República.

Governo cria "grupo de projeto" para tratar do património fotográfico
Notícias ao Minuto

12:50 - 05/07/21 por Lusa

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Este "Grupo de Projeto Património Fotográfico Nacional", que funciona na dependência do Ministério da Cultura, "tem por missão identificar, conceber e propor medidas que contribuam para o inventário, conservação, salvaguarda, preservação, segurança, conhecimento e divulgação do património fotográfico nacional", lê-se no diploma.

O resultado deste trabalho deverá constar de um relatório, a apresentar à tutela no final de 2022, que inclua uma proposta de estratégia para o património fotográfico nacional, uma proposta museológica e arquivística e uma proposta de modelo de gestão.

Relativamente à estratégia para o património fotográfico nacional, deverá incluir um plano de conservação, inventário, documentação, investigação, digitalização e divulgação, bem como um plano de comunicação a desenvolver até à instalação do museu, que envolva e sensibilize o público para a importância deste património.

Quanto à proposta museológica e arquivística, deverá ter em consideração os diversos acervos fotográficos à guarda do Estado, e englobar a sua missão e objetivos.

O modelo de gestão terá de salvaguardar "a sustentabilidade programática da atividade do Museu Nacional da Fotografia", especifica o diploma.

O Grupo de Projeto é coordenado por Silvestre Lacerda, diretor-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, e composto por outros dois membros da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), dois da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e cinco membros escolhidos de entre personalidades de reconhecido mérito cujo perfil seja considerado de relevância para a missão e as competências estabelecidas.

O despacho, que entra hoje em vigor, estabelece ainda que este trabalho não é remunerado nem compensado, podendo o grupo de projeto recorrer a serviços externos (públicos ou de entidades de reconhecido mérito), mas sempre a título gratuito.

Em 2020, vários fotógrafos e investigadores subscreveram uma carta apelando à defesa do património fotográfico nacional e apresentaram, junto da tutela, um conjunto de ações para "colocar a fotografia ao serviço da sociedade".

A iniciativa partiu da necessidade identificada de "criar uma ação concertada de iniciativas para definir e consolidar a prática de arquivo, tratamento e exibição de espólios de um património riquíssimo do país", explicou na altura Pedro Letria, fotógrafo e professor.

Entre as quase cinco dezenas de subscritores da carta estavam fotógrafos, curadores, investigadores, artistas e professores como Ana Caria Pereira, António Júlio Duarte, Augusto Brázio, Catarina Simão, Duarte Amaral Neto, Emília Tavares, Filomena Serra, João Henriques, João Pina e Lara Jacinto, entre outros.

"Ao longo das décadas, os esforços foram poucos para valorizar a fotografia, e o Centro Português de Fotografia (CPF) encontra-se num ponto de inação que não corresponde à realidade atual da área", afirmou na altura o fotógrafo, acrescentando que é "também preciso organizar e facilitar o acesso às coleções a quem as estuda e ensina", uma necessidade que já se arrasta há muitos anos.

Após o 25 de Abril, os poderes públicos iniciaram campanhas de localização, inventário e recolha dos espólios fotográficos históricos ainda existentes, tendo sido criada a Coleção Nacional de Fotografia, hoje sob tutela da DGLAB.

Aqueles signatários alegavam, então, que, "atualmente, o maior arquivo de coleções fotográficas históricas nacionais está dividido entre o Arquivo Nacional Torre do Tombo e o CPF, ambos serviços dependentes da DGLAB, não existindo nenhuma componente museológica e de investigação sistemática agregada à gestão deste fulcral acervo".

Em 1997, foi criado o CPF, entidade que criou um encontro "entre a componente documental/arquivística e a museológica", mas a sua extinção em 2007 e a fusão com o Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo e a atual tutela pela DGLAB, dizem, "ditou o fim de uma era com meios financeiros e técnicos suficientes para desenvolver um programa integrado entre estas duas vertentes estruturais de trabalho".

Os subscritores da carta lamentavam que o CPF, no Porto, esteja "reduzido às tarefas arquivísticas de tratamento documental dos acervos nacionais, ainda assim com efetiva falta de meios", defendendo, pois, a criação de um Museu Nacional da Fotografia, a partir do atual CPF, "com a mesma importância institucional e a mesma tutela dos restantes museus nacionais".

Este museu seria destinado à preservação, inventariação, digitalização, investigação, divulgação e aquisição das coleções fotográficas nacionais.

O Governo liderado por António Costa definiu como um dos objetivos para a Cultura a criação de um Museu Nacional da Fotografia, "a partir dos equipamentos já existentes" e com dois núcleos no país, segundo o programa do executivo.

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