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Ajuda à comunidade artística passa pelo apoio à criação e produção

O programador para as artes visuais da Culturgest, Bruno Marchand, considera que o momento atual exige "solidariedade dentro da comunidade artística" para atender às fragilidades expostas pela pandemia de covid-19, com apoio à criação e produção de novas obras.

Ajuda à comunidade artística passa pelo apoio à criação e produção
Notícias ao Minuto

10:36 - 27/06/20 por Lusa

Cultura Bruno Marchand

Sobre o impacto negativo que as restrições para conter a pandemia estão a ter no setor cultural, o novo programador da instituição com espaços em Lisboa e Porto disse que este é um grande desafios para os artistas, e também para as instituições culturais manterem o contacto com o público.

"Julgo que o que uma instituição com o perfil da Culturgest pode fazer é continuar a apoiar a criação de novas obras, dando condições de produção e espaço de visibilidade aos artistas com os quais trabalha, e manter os compromissos que já tinha para com as diversas equipas, internas e externas, que com ela colaboram", disse, em resposta, por escrito, a questões da agência Lusa.

Bruno Marchand defende que "a solidariedade dentro da comunidade artística é uma responsabilidade de todos os agentes e envolvidos", e que, no caso da Culturgest, o que norteou a resposta da instituição, "foi manter os compromissos que assumido antes da pandemia".

Por outro lado, "tentar, tanto quanto possível, que as pessoas envolvidas nos projetos pudessem ter o apoio financeiro que esses mesmos projetos supunham, nas datas em que ele era esperado, mesmo que os eventos fossem alvo de adiamento", como aconteceu com muitas programações de teatros, museus e centros culturais.

Por outro lado, e na mesma linha da maioria das instituições culturais do país, na fase do confinamento dos públicos, a Culturgest procurou converter algumas atividades em ações ´online´.

"Naturalmente, estamos todos conscientes dos desafios que essa tradução coloca e do que nela se pode perder em termos de qualidade de experiência", comentou Bruno Marchand.

Já em fase de desconfinamento, o objetivo é divulgar que a entidade reabriu portas "e que as exposições e as demais atividades que a Culturgest apresenta ou apresentará são oferecidas ao público no mais escrupuloso cumprimento das normas de segurança e higiene".

Recentemente, Bruno Marchand apresentou o seu primeiro projeto como curador, baseado num projeto que Pedro Lagoa está a desenvolver desde 2007 e ao qual chamou de "Arquivo de destruição", e que consiste num repositório de textos, imagens, filmes e sons, de natureza documental e ficcional.

Esta obra em suporte digital intitula-se "Arquivo de destruição: Departamento de IEC", - cuja sigla IEC nada significa, foi uma escolha do artista - possui conteúdos de criadores de várias áreas, como Walter Benjamin, Le Corbusier, François Reisz, Stephen Hawking, Henry Adams, Giorgio Agamben, Georges Bataille, Pierre Bourdieu, João Vasco Paiva, Mike Leigh, entre outros.

"Apesar do que possa parecer à primeira leitura, este projeto não celebra nem glorifica a destruição. Ele funciona, antes, como uma espécie de anti-monumento que dá corpo ao paradoxo de guardar a memória de um conjunto de atos que procuraram instituir outros tantos apagamentos. De certa forma, trata-se de contrariar o impulso de destruição", explicou o curador.

Para Bruno Marchand, o projeto de Pedro Lagoa é "uma das mais consequentes propostas a surgir no nosso contexto nos últimos tempos".

"Não só porque o arquivo é um assunto central para todas as gerações que cresceram com a internet, mas também porque essas mesmas gerações não conheceram outro discurso que não seja o discurso da destruição", sustentou.

O aparecimento da pandemia "é só o mais recente e exuberante capítulo de uma longa e diversificada história sobre a ideia de destruição e foi essa instância que desencadeou o nosso convite para que o Pedro pudesse apresentar este projeto num formato online" na Culturgest.

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