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Atriz Luísa Cruz regressa ao Teatro Aberto com 'A criada Zerlina'

A atriz Luísa Cruz regressa ao palco, no Teatro Aberto, em Lisboa, no próximo dia 12, para protagonizar a peça 'A criada Zerlina', com a qual venceu o Globo de Ouro 2019 para Melhor Atriz de Teatro.

Atriz Luísa Cruz regressa ao Teatro Aberto com 'A criada Zerlina'
Notícias ao Minuto

11:27 - 09/02/20 por Lusa

Cultura Teatro

Estreada em fevereiro de 2019, no Centro Cultural de Belém (CCB), com encenação de João Botelho e cenografia de Pedro Cabrita Reis, esta peça do dramaturgo austríaco Hermann Broch (1886-1951) sobe agora ao palco da Sala Azul daquela sala à Praça de Espanha, onde estará em cena até 1 de março, segundo o teatro.

A versão que vai estar em palco parte do trabalho feito na década de 1980 para o Teatro Nacional D. Maria II, por António S. Ribeiro e José Ribeiro da Fonte, a partir da tradução de Suzana Muñoz.

Este monólogo centra-se nas memórias eróticas e nas confissões políticas de uma velha criada e no que a sua sabedoria de observadora implacável lhe permite ir construindo, de forma arguta, no texto do dramaturgo austríaco Hermann Broch, que historiadores da literatura europeia colocam entre os maiores escritores do modernismo.

Algures no século XX, Zerlina vai discorrendo sobre tudo. Está lá a luta de classes, o corpo e "a culta passagem de um ser erótico a um ser ético", como escreveu o ensaísta José Ribeiro da Fonte na introdução ao texto que João Perry encenou, em 1988, no Teatro Nacional D. Maria II, com Eunice Muñoz como Zerlina -- e que foi reposto cinco anos mais tarde na mesma sala.

Para João Botelho, a encenação desta peça foi um "bom desafio" que o CCB lhe lançou, disse na altura da estreia da peça, em que admitiu a possibilidade de poder "corromper" a encenação teatral com ideias de cinema.

"Mas por mais que pense dividir o espaço em luzes intensas e negras sombras e, entre umas e outras, os mesmos seres humanos aflitos ou eufóricos que em nós criam as emoções, o teatro vê-se sempre em plano geral e em plano sequência, sem rede ou artifícios protetores, que o largo negro também se vê", observou, na altura, o realizador.

Nos princípios do século XX era habitual haver criadas em quase todas as casas ricas da cidade. Jovens provenientes do campo que iam, por tempo indefinido, trabalhar para essas casas, tornando-se quase membros da família, mas colocados no seu lugar específico, conscientes de todos os hábitos e segredos em redor.

Zerlina é uma dessas criadas que em nova agiu de acordo com as suas emoções, através do desejo do corpo e da paixão.

Em velha, quando decorre a ação da peça, age com experiência de vida e sabedoria. É a razão a substituir a emoção - mesmo que Zerlina continue a alimentar pensamentos obscuros.

A outra personagem do monólogo é A., um hóspede que ouve o discorrer de memórias de Zerlina, sem nunca se deixar ver.

Com desenho de luz de Nuno Meira, sonoplastia de Sérgio Milhano e produção executiva de Nuno Pratas, 'Zerlina' fica em cena até 1 de março, com espetáculos às quartas-feiras, sextas-feiras e sábados, às 21:30, às quintas-feiras, às 19h00, e, aos domingos, às 16h00.

'Zerlina' foi a segunda incursão de João Botelho no teatro. A primeira foi em 2005, quando reuniu textos de Jorge Luís Borges, Daniel Defoe e Joseph Conrad e elaborou um monólogo de 30 minutos, a que deu o nome de 'Um Sonho de Verão'. Suzana Borges foi a protagonista da peça, integrada na programação do Festival Temp d'Images, no Pequeno Auditório do CCB.

Em 2011, o cineasta, realizador de 'Tempos Difíceis' e de 'Os Maias - Cenas da vida Romântica', encenou a ópera 'Banksters', para o Teatro Nacional de S. Carlos. Adaptada da peça 'Jacob e o anjo', de José Régio, 'Banksters' tem libreto de Vasco da Graça Moura e composição musical de Nuno Côrte-Real.

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