"Sempre fui de mandar umas piadas e o objetivo é sempre melhorar"

A caminho do seu novo espetáculo 'Caramelo Macchiato', o humorista Pedro Teixeira da Mota esteve à conversa com o Notícias ao Minuto.

"Sempre fui de mandar umas piadas e o objetivo é sempre melhorar"

© D.R.

Sara Gouveia
31/10/2019 17:31 ‧ 31/10/2019 por Sara Gouveia

Cultura

Pedro Teixeira da Mota

É uma das vozes mais conhecidas e ouvidas do panorama do humor português e a poucas horas de estrear o seu mais recente espetáculo de stand-up numa das salas mais emblemáticas da capital lisboeta, o Coliseu dos Recreios, Pedro Teixeira da Mota esteve à conversa com o Notícias ao Minuto.

O comediante recordou um pouco do percurso que fez desde que decidiu que o humor ia ser o caminho que queria seguir, desde a passagem pelo projeto Bumerangue, passando pela parceria com Luís Franco-Bastos e até à sua eventual estreia a solo. 

Este é o segundo espetáculo a solo depois da sua estreia com 'Impasse', em novembro do ano passado. O cérebro por detrás do podcast independente com mais ouvintes em Portugal, o 'ask.tm', decidiu que agora era a vez de 'Caramelo Macchiato', onde promete "uma versão aprimorada do podcast".

Para além de conteúdos no seu canal de YouTube, Pedro Teixeira da Mota é também co-criador do programa 'Erro Crasso', juntamente com Luís Franco-Bastos.

A digressão de 'Caramelo Macchiato' dura até 7 de dezembro e vai passar por Lisboa, Porto, Torres Vedras e Leiria. Os bilhetes variam entre os 16 e os 22 euros.

Quando é que começaste a perceber que o humor talvez fosse o caminho mais certo para ti?

Por volta dos 10/11 anos já fazia vários sketches do Gato Fedorento. Criava-os e fazia-os, sempre tive prazer nisso e sempre fui de mandar umas piadas. Mesmo nas aulas, no recreio. Depois acho que foi uma evolução natural.

Estiveste no curso de Gestão. Os teus pais apoiaram-te quando decidiste seguir outra carreira?

Sim, sim. Fiz Gestão na Universidade Católica e acabei, inclusivamente, mas no último ano, a comédia já estava a resultar e eu a interessar-me cada vez mais e cheguei a querer desistir, mas não me deixaram. Disseram-me que, já que só faltava um ano, para acabar e foi isso que fiz. Mas, de resto, sempre me apoiaram em tudo.

Começaste há cinco anos como um dos membros do projeto Bumerangue, com o Carlos Coutinho Vilhena, Manuel Cardoso e Guilherme Geirinhas. Na altura tinham noção que os sketches que faziam para o YouTube iam ter a projeção que acabaram por ter e que iriam chegar à televisão?

Sim, o objetivo sempre foi tentar fazer uma coisa bem filmada, editada, com algum cuidado. Se bem que hoje em dia, olhando para trás, já não gosto assim tanto, mas continuo a achar que temos lá alguns bons. A ideia sempre foi dar um salto qualitativo para depois eventualmente ter cada vez maior projeção. Por isso ficámos contentes quando aconteceu, mas trabalhámos para isso.

Mais tarde começas a abrir os espetáculos do Luís Franco-Bastos, no ‘Voz da Razão’, e ser co-criador do programa de YouTube ‘Erro Crasso’. Como é que começa essa relação? 

Lembro-me de o abordar na rua, tinha ele 18 anos, estava mesmo a começar, mas já conhecia o trabalho dele. Disse-lhe que não lhe ia pedir para fazer nenhuma imitação porque sabia que isso é chato, ou seja, era jovem, tinha para aí 13 ou 14 anos, mas já tinha alguma noção [risos]. 

Depois passado uns tempos, para aí na minha décima atuação de stand-up, ele foi ver um espetáculo meu ao Lisboa Comedy Club, gostou e convidou-me para fazer a primeira parte do espetáculo. Demo-nos logo bem e criámos o ‘Erro Crasso’ juntos, por isso foi uma pessoa muito importante para o meu ‘salto’, para o meu arranque.

Criaste o podcast 'ask.tm', um dos mais ouvidos em Portugal e que já chegou aos top’s várias vezes. Como é que essa ideia surgiu?

Acho que cada humorista ou cada pessoa tem algo onde é mais forte. Seja escrita de guiões, acting, etc.. e acho que no meu caso isso é o falar no geral, deambular sobre ideias e portanto pensei que o melhor mecanismo para fazer isso seria criar um podcast. Na altura, os podcasts nos EUA estavam em altas, quase todos os comediantes tinham um e cá ainda não existia muito, por isso decidi criar essa mecânica de poderem fazer perguntas para eu responder, para ser diferente, para criar um conceito.

Quando comecei, obviamente, sabia que não ia ser uma coisa mainstream tinha a consciência que ia ser sempre um bocado de nicho e que o mercado ainda não era muito desenvolvido, mas ter sido um dos primeiros a fazê-lo acabou por ser uma vantagem.

De onde é que tiras inspiração?

Do dia a dia. Sempre que vejo alguma coisa que acho diferente ou que acho que possa ter um ângulo engraçado, gosto sempre de anotar no telemóvel para mais tarde falar sobre isso. Tem muito a ver com o que vou observando.

O Ricardo Araújo Pereira ou os Gato Fedorento e o Bruno Nogueira. São assim para mim os grandes. A minha geração apanhou muito mais isso do que o HermanAchas que as novas gerações de humoristas têm o trabalho facilitado em termos de exposição devido às redes sociais?

É uma vantagem para todos, mas também não é uma vantagem para ninguém porque também há mais gente. Ou seja, não é por haver um meio de exposição que uma pessoa vai chegar a mais pessoas. Vai sempre depender da pessoa, do trabalho que vai desenvolvendo, da sua assiduidade e se leva a sério ou não aquilo que está a fazer. Pode ser uma vantagem se a pessoa a souber aproveitar, se não, não é nada.

Foste recebido pelo Presidente da República, este mês, juntamente com outros influencers do panorama nacional. Sentiste que foi um reconhecimento de que és a 'voz' de uma geração, ou porque é que achas que foi?

Receber o convite da presidência claro que é sempre bom, mas estavam lá outras pessoas também e todas muito diferentes. Acho que fui chamado por ter um dos podcasts independentes mais ouvidos e por ter uma audiência fiel que me ouve durante meia hora sobre vários temas, portanto reconheço que tenho alguma influência nas pessoas que ouvem. Acho que foi por isso.

E como recebeste essa iniciativa da parte de Marcelo Rebelo de Sousa?

Acho que foi boa ideia o Presidente ter mostrado estar atento às pessoas mais jovens, às formas mais recentes de influenciadores e àqueles que seguem pessoas fora dos meios tradicionais de televisão e rádio. Foi uma coisa que o Presidente anterior [Cavaco Silva] jamais faria e acho que é um bom sinal.

Como lidaste com as críticas que foram apontadas depois?

Percebo que o Presidente chamar ao Palácio de Belém bloggers e maquilhadoras, etc... seja material de gozo, sei que não foi direcionado para mim, mas consigo perceber que do ponto do humor tem potencial para explorar.

Quem são as tuas referências do humor nacional? 

No início era muito o Ricardo Araújo Pereira ou os Gato Fedorento e o Bruno Nogueira. São assim para mim os grandes. A minha geração apanhou muito mais isso do que o Herman, por exemplo. 

Depois de teres esgotado a maioria dos teus espetáculos com o ‘Impasse’ no Tivoli, agora é a vez do Coliseu, com ‘Caramelo Macchiato’. Chegar ao Coliseu dos Recreios sozinho era um sonho?

Era, era, claro. O objetivo é sempre melhorar, não necessariamente aumentar, mas melhorar e ir cada vez mais a salas com mais pessoas e mais emblemáticas. Não que no início estivesse sempre a pensar no Coliseu, mas acho que é o percurso normal da carreira, querer ir sempre para palcos maiores. 

Podem esperar uma versão aprimorada do podcast. Falo também de várias coisas que me vão acontecendo e de observações que vou fazendo no dia a dia e diria que guardo as melhores para o stand upTendo em conta que as pessoas têm acesso ao teu trabalho, na mesma, pelo YouTube, pelo podcast, nas redes sociais, etc, porque é que achas que continuas a esgotar salas, porque é que ainda têm essa curiosidade?

Porque o facto de ser ao vivo é uma experiência completamente diferente. Por exemplo, no podcast ouvem a minha voz mas não vêem a minha cara, por isso o stand-up é a melhor experiência que se pode ter de um comediante. A minha profissão é stand-up comedian e todas as coisas que faço, seja para o ‘Erro Crasso’ ou para o podcast servem para fazer as pessoas interessarem-se pelo stand-up.

O que é que os espectadores podem esperar deste novo espetáculo?

Podem esperar uma versão aprimorada do podcast. Falo também de várias coisas que me vão acontecendo e de observações que vou fazendo no dia a dia e diria que guardo as melhores para o stand up, quando me acontece uma coisa engraçada ou me lembro de uma coisa que acho mais engraçada do que é normal, guardo para o stand-up, não ponho no podcast. Portanto acho que as pessoas que me seguem e que já conhecem o registo vão gostar ainda mais ao vivo.

Qual foi a coisa mais estranha que te aconteceu durante um espetáculo?

Durante um espetáculo acho que nunca me aconteceu nada de muito estranho. Às vezes há algumas pessoas que têm um riso mais diferente, mais característico e às vezes nem se riem ao mesmo tempo que as outras pessoas. Mas ainda não tive assim nada de ficar sem luz ou cair o teto, mas se tudo correr bem vai-me acontecer.

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