A conferência "O mercado do 'live' português, um terreno fértil para a inovação da música" abriu hoje o MaMa Festival, que já vai na sua 10.ª edição e decorre entre hoje e 18 de outubro, reunindo profissionais da música vindos de mais de 50 países e contando ainda com cerca de 120 concertos em várias salas do 18.º bairro de Paris.
Na conferência desta manhã sobre Portugal, houve curiosidade por parte da audiência sobre a facilidade em organizar festivais em Portugal, o que levou os participantes a responder com um "é fácil", num país onde, em 2018, houve se realizaram 311 festivais.
"Ainda é fácil organizar festivais em Portugal. Mesmo no que diz respeito a licenças de trabalho. Aqui em França, se eu quiser organizar um concerto ou um festival tenho de contratar uma empresa francesa. Vocês protegem as empresas francesas, em Portugal é possível ser a mesma empresa a fazer tudo, em menos de um dia", afirmou o diretor da Everything is New, Álvaro Covões.
Também João Gil, coordenador do projeto Portugal Muito Maior - que financia a presença de Portugal neste festival - concordou com esta noção. "Para os franceses então, é muito mais fácil. Há cada vez mais franceses a viverem em Portugal e o público está lá. As portas estão abertas", indicou o músico.
Coube a Ricardo Bramão, diretor da Associação Portuguesa de Festivais de Música, fazer uma caracterização do público dos festivais nacionais, mencionando que os maiores eventos têm normalmente uma grande marca associada e que cada vez mais municípios nacionais promovem este tipo de iniciativas.
"Até há pouco tempo, não existia qualquer apoio institucional a festivais. E os festivais são importantes porque criam também turismo para os municípios", disse Ricardo Bramão.
Para além desta conferência, haverá cinco bandas/artistas portugueses que se vão apresentar ao vivo nesta edição do MaMa: Pongo, Venga Venga, Best Youth, Paus e Pedro Mafama. Concertos que, segundo António Miguel Guimarães, diretor da AMG Music, mostram o novo tipo de música que se faz no país.
"O fado é apenas uma parte da nossa música. Duas gerações de músicos depois da revolução temos portugueses com raízes culturais de todo o mundo e isso permite produzir um novo tipo de música. Música portuguesa mas muito internacional", sublinhou o promotor musical.
Já em declarações à agência Lusa, António Miguel Guimarães afirmou que a presença de Portugal neste certame é "enorme" por ser um dos maiores festivais profissionais em França, com muitos agentes e programadores franceses e internacionais.
"A oportunidade de apresentar portugueses nos eventos para que os promotores os conheçam e a oportunidade de fazer a conferência para mostrar o que é o mundo da música em Portugal é crucial. É através deste tipo de relações que se ultrapassa as dificuldades permanentes de só alguns eleitos serem promovidos pelas grandes multinacionais", declarou António Miguel Guimarães.
Hélio Morais, membro das bandas PAUS e Linda Martini, também participou no painel e disse que só recentemente é que começou a aparecer apoio institucional para a música em Portugal.
"Esta foi a primeira vez que tivemos apoio monetário de uma instituição estatal para vir fazer um 'showcase', através do Portugal Muito Maior. Do que eu conhecia até hoje, para músicos portugueses, o fado era privilegiado. E isso já ajuda, mesmo que não seja uma 'tournée', como eu vejo nas bandas da Escandinávia em que há um maior apoio do Estado à internacionalização da música", detalhou Hélio Morais em declarações à agência Lusa.
Para além dos concertos das bandas e artistas nacionais que decorrem até dia 18 de outubro, o festival vai encerrar com um 'cocktail' nacional, reservado apenas a profissionais.