Rap brasileiro e português em concerto conjunto no Rotas&Rituais

O rap apresenta-se hoje em língua portuguesa, com sotaque de Portugal e do Brasil, no Cinema São Jorge, com um concerto conjunto dos músicos Capicua (Ana Matos Fernandes) e Vinicius Moura Terra, integrado no Festival Rotas&Rituais.

Rap brasileiro e português em concerto conjunto no Festival Rotas e Rituais

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Lusa
15/11/2013 15:02 ‧ 15/11/2013 por Lusa

Cultura

Festival

Em entrevista à Lusa, os dois rappers, que não se conheciam pessoalmente até hoje, falaram das relações lusófonas através da música.

O rap feito em Portugal e o rap feito no Brasil assumem um discurso "muito parecido", por exemplo "nos anseios e nas necessidades", destaca o carioca Vinicius Moura Terra, que, este ano, organizou, no Rio de Janeiro, a Terra do Rap, que reuniu músicos brasileiros e portugueses e que pretende ser um encontro anual.

A língua portuguesa torna o rap feito nos países lusófonos algo "único", que une os "novos" portugueses, brasileiros, angolanos, vinca o rapper, formado em língua portuguesa.

Reiterando que "as necessidades e as vontades do povo lusófono são as mesmas", deixa um exemplo: "O garoto que produz uma música hoje em Angola tem a mesma necessidade ou a mesma lógica do que um garoto em Timor-Leste."

Mas ainda existe "falta de comunicação entre os continentes" e Vinicius reconhece que o Brasil "pouco consome" do que se faz em Portugal ou noutros países que falam português.

"Não vejo muita união [entre aos músicos]", lamenta, adiantando que o colectivo de cultura urbana Reprodutora, que fundou, pretende exactamente aumentar a colaboração lusófona.

"No século XXI, o rap é a grande mola, a grande máquina para a gente conseguir fazer com que os países se encontrem, é a grande liga, é como se fossem os trovadores do século XXI", acredita o músico.

O mais interessante no rap "é chegar às pessoas com as palavras", resume a portuense Capicua (Ana Matos Fernandes), que conhecia "algumas coisas" do trabalho de Vinicius, sobretudo as colaborações que ele já fez com músicos portugueses.

"Às vezes, infelizmente, nem o que é muito bom no rap brasileiro chega cá, nem o que é bom no rap português chega lá", lamenta, referindo que as colaborações como a que vai acontecer esta noite, no São Jorge, servem para "fazer as pontes entre públicos e entre músicos".

No concerto, duplo mas em que cada músico toca a sua parte, Capicua vai tocar músicas antigas, mas também algumas já do próximo disco, que sairá no início de 2014. Com todas elas, falará "de muitas coisas diferentes, de amor, da crise, das pessoas, de hip hop".

O número de mulheres rappers, em Portugal e no mundo, "continua a ser muito reduzido", tal como noutras áreas, porque as mulheres não foram "socializadas para conquistar o espaço público", considera, garantindo, porém, que "o rap português está muito bem de saúde e recomenda-se".

"Há uma grande variedade para um país tão pequeno e isso é a nossa maior riqueza", aponta, criticando a tendência, do público e da comunicação social, para "estereotipar os rappers portugueses" e recordando que existem estilos "muito diferentes", pessoais, mas também locais e regionais.

A noite do rap em português está marcada para as 21:30 num cinema de Lisboa, "grande capital para esse movimento do rap", diz Vinicius, honrado por partilhar o palco com Capicua, de quem elogia o trabalho "inteligente" e o planeamento "independente" da carreira.

O Festival Rotas&Rituais, que este ano adoptou o lema "Sejam realistas, peçam o impossível", termina no sábado, com um concerto duplo de Alexandre Diaphra (Portugal) e Ursula Rucker (EUA).

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