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'Snu' é uma história de amor e a memória de "históricos da democracia"

O filme 'Snu', realizado por Patrícia Sequeira, estreia esta quinta-feira. Retrata a relação entre Snu Abecassis e Francisco Sá Carneiro, antigo primeiro-ministro português. Ambos morreram em Camarate, em 1980, onde também perdeu a vida Adelino Amaro da Costa, cofundador do CDS. A propósito da estreia, o democrata-cristão Nuno Melo trocou algumas impressões sobre a tragédia que "marcou coletivamente" a sociedade portuguesa.

Notícias ao Minuto

08:00 - 07/03/19 por Anabela de Sousa Dantas

Cultura Filmes

Chega esta quinta-feira aos cinemas o filme ‘Snu’, que se debruça, principalmente, sobre o relacionamento da editora dinamarquesa Snu Abecassis com o antigo primeiro-ministro português Francisco Sá Carneiro, até ao momento em que ambos morrem num desastre aéreo, em Camarate.

Não pretendendo ser um documentário, mas documentando com fidelidade os episódios conhecidos sobre a relação da fundadora da editora Dom Quixote com o, na altura, chefe de governo português, o filme serve a memória coletiva ao revisitar, paralelamente, uma das mais polémicas histórias de amor e um dos mais trágicos episódios da história recente de Portugal.

Recorde-se que Francisco Sá Carneiro e Snu Abecassis, juntamente com Adelino Amaro da Costa e a mulher, Maria Manuela, o chefe de gabinete de Sá Carneiro, António Patrício Gouveia, e os dois pilotos, morreram na noite de 4 de dezembro de 1980, quando a avioneta em que seguiam se despenhou em Camarate.

O eurodeputado democrata-cristão Nuno Melo, que presidiu a VIII Comissão Parlamentar de Inquérito a tragédia de Camarate, desde o início apontada como um atentado, partilhou algumas impressões com o  Notícias ao Minuto sobre a importância de revisitar a história.

“É um filme sobre figuras históricas da democracia portuguesa em que vivemos”, referiu o eurodeputado, fazendo sobressair que “o que sucedeu em Camarate foi uma tragédia que marcou coletivamente” a população portuguesa e que “filmes assim ajudam a perpetuar na memória, em certa medida, o exemplo dos nossos melhores”.

O filme mostra as fases mais marcantes da relação entre o político e a editora, com as convulsões políticas e sociais que a acompanharam. Recorde-se que Sá Carneiro, que tinha tomado posse como primeiro-ministro a 3 de janeiro de 1980, continuava casado quando assumiu publicamente a sua relação com Snu, por lhe ter sido recusado o divórcio pela mulher.

Notícias ao MinutoSnu Abecassis, seguida por Francisco Sá Carneiro.© Reprodução

Este facto, como é retratado na longa-metragem, criou ondas de indignação nos bastidores do VI Governo da República Portuguesa, que se preparava para umas eleições presidenciais. Sá Carneiro e Snu dirigiam-se para o Porto na noite da sua morte, para um comício de encerramento do candidato presidencial apoiado pela Aliança Democrática, coligação entre o PSD e o CDS. Adelino Amaro da Costa, cofundador do CDS, convidou Sá Carneiro para viajar no seu avião.

“Tanto Francisco Sá Carneiro como Adelino Amaro da Costa são políticos referenciais da minha geração”, indicou Nuno Melo, acrescentando que filmes como ‘Snu’ são “uma ferramenta de enorme utilidade relativamente aos mais novos, que têm assim a possibilidade de ser confrontados com a dimensão ímpar destas personalidades”.

Notícias ao MinutoAdelino Amaro da Costa, a discursar, ladeado por Sá Carneiro.© Reprodução

Adelino Amaro da Costa, relembrou Nuno Melo, é “uma referência”, uma pessoa “de uma inteligência fulgurante, que gostaria que fosse mais vezes revisitado”.

A longa-metragem, realizada por Patrícia Sequeira, é protagonizada por Inês Castel-Branco e Pedro Almendra, com argumento de Cláudia Clemente e consultoria histórica de Helena Matos, tendo ido beber rigor a biografias sobre Sá Carneiro e, principalmente, sobre Snu, como ‘Snu e a Vida Privada com Sá Carneiro’, da autoria da jornalista Cândida Pinto.

Coincidindo com a estreia comercial do filme, a Dom Quixote reedita na próxima semana o livro da jornalista Cândida Pinto, publicado originalmente em 2011.

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