Ópera regressa à Casa da Música com "Ligações perigosas"

A ópera regressa à Casa da Música, com "Ligações perigosas", uma obra com música e libreto de Luca Francesconi e encenação de Nuno Carinhas, numa versão mais frugal do que a que estreou no Scala de Milão em 2011.

Viagem musical pelo cinema italiano este sábado na Casa da Música

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Lusa
23/09/2013 18:53 ‧ 23/09/2013 por Lusa

Cultura

Porto

Para o grande público, a Casa da Música optou por intitular "Ligações perigosas" ao programa que estreia na terça, com interpretação do Remix Ensemble e dos dois cantores -- Allison Cook (soprano) e Robin Adams (barítono) -- que já tinham estado na estreia na sala italiana.

A base narrativa é a mesma do conhecido filme de Stephen Frears, com John Malkovich, Michelle Pfeiffer e Glenn Close, o romance epistolar do século XVIII de Choderlos de Laclos. Mas aqui estamos perante uma adaptação a partir de "Quartett" do dramaturgo alemão Heiner Muller.

"Um texto de uma fineza, de uma inteligência, de uma complexidade virtuosista" que "caímos lá dentro e há tudo, é como Shakespeare", afirma o italiano Luca Francesconi que tomou em mãos a elaboração do libreto.

"Cortei imenso e fui sublinhando o que era mesmo muito importante e, a partir daí comecei a construir uma forma com as passagens mais importantes que não podia retirar e comecei a perceber que havia estruturas escondidas no interior", afirma aquele que é compositor em residência este ano na Casa da Música.

A encenação no Scala assentava "sobre um aparato fílmico e de imagens, uma coisa altamente high-tech", lembra Nuno Carinhas, em que os cantores "atuavam numa caixa suspenso no meio de um ecrã gicgante".

Na Casa da Música, o público estará perante uma versão de câmara em que os recursos são bastante mais sóbrios. "Aqui é teatro puro e duro, de tal maneira que os cantores vieram a perceber melhor as personagens aqui", explica o diretor artístico do Teatro Nacional de São João que recorreu mesmo a quatro grandes espelhos dos "Tambores da noite" para compor o artefacto cénico desta ópera.

Para Nuno Carinhas que já havia encenado ópera em três ocasiões anteriores este desafio, só com uma semana de ensaios, surgiu "na hora de o poder fazer e de o poder fazer com este constrangimento de tempo e de meios".

Luca Francesconi considera que é "um grande privilégio ter uma ópera que é produzida por diferentes teatros, porque se vai descobrindo sempre outras coisas" desde que a matéria-prima, que neste caso inclui a "música de pesquisa" do próprio, tenha "espessura, diferentes níveis" para ser revelados.

O compositor italiano classifica "'Quartett' como um trabalho muito complicado, mesmo para teatro, e que se calhar não foi por acaso" que ele foi o primeiro a fazê-lo".

Após o seu trabalho de depuração, esta será uma nova maneira de conhecer a história da marquesa de Merteuil e do visconde de Valmont, aristrocatas "muito ricos, muito aborrecidos"que, segundo Luca Francesconi se acham "muito perto de deus" ao ponte um deles confessar "que tristeza tudo saber e não ser deus".

Numa encenação em que só ficam estes dois personagens em palco, assistimos "a esse jogo que é de eliminar os seus sentimentos"e de jogar, como deuses, "com os outros, num jogo terrível, cruel".

Para o compositor esta é uma peça com muitas leituras, "nomeadamente porque põe em questão dos sexos, quem é o forte quem é o fraco, o que é uma questão completamente actual, numa altura em que os 'homens' estão vias de extinção" diz ele com ironia.

 

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