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Helena Almeida: O fascínio de auto-representar o corpo

A artista plástica Helena Almeida, hoje falecida aos 84 anos, conjugou a pintura e o desenho explorando a representação da sua própria imagem em fotografias que se tornaram icónicas na História da Arte portuguesa do século XX.

Helena Almeida: O fascínio de auto-representar o corpo
Notícias ao Minuto

16:40 - 26/09/18 por Lusa

Cultura Biografia

Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida terminou o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1955, tendo estudado também em Paris, e expôs individualmente pela primeira vez em 1967, na Galeria Buchholz, em Lisboa.

Embora a sua obra tenha passado pelo desenho, a pintura, a escultura e a performance, foi na fotografia que centrou o corpo do seu trabalho, fascinada, a partir do final dos anos 1960, pela conjugação daqueles suportes com a representação do próprio corpo, criando uma obra que se destacou pela originalidade e pelo pioneirismo.

Experimentou o uso da pintura, do desenho em conjugação com a fotografia, criando obras marcantes como as 'Pinturas habitadas' (1975-1977) ou 'Dentro de mim' (2001).

As fotografias de Helena Almeida foram sempre registadas pelo marido, o arquiteto e escultor Artur Rosa, também nascido em Lisboa, em 1926.

Na obra de Helena Almeida, a primeira vez que surge a imagem do casal é em 1979, na obra 'Ouve-me', uma sequência de oito fotografias a preto e branco, ao modo de um 'storyboard', em que o rosto dos dois artistas surge frente a frente.

A partir de 2006, o casal começa a surgir representado de um modo mais permanente.

A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e na Bienal de São Paulo, em 1979, e em 2004, participou na Bienal de Sidney.

Nos últimos anos, a sua obra tem sido exibida no âmbito de exposições individuais e coletivas em museus e galerias nacionais e internacionais.

Em 2015, inaugurou uma exposição individual itinerante, que reunia peças de mais de 40 anos de trabalho, que teve origem na Fundação de Serralves (2015), sob o título 'A minha obra é o meu corpo, o meu corpo é a minha obra'.

A mostra foi depois apresentada em Paris, no Museu Jeu de Paume, e em Bruxelas, no Wiels - Centro de Arte Contemporânea da capital belga, em 2016, seguindo depois para Valência (2017), sob o título 'Corpus'.

A exposição marcava o regresso de Helena Almeida a Serralves, depois de 'Helena Almeida: Dramatis Persona: Variações e fuga sobre um corpo', apresentada ainda na Casa de Serralves, na temporada de 1995/1996.

No ano passado, apresentou igualmente a exposição individual 'Work is never finished' no Art Institute, em Chicago.

Ao longo deste ano, a artista portuguesa está em destaque, com fotografia e desenho, na Tate Modern, em Londres, num espaço focado na relação entre o indivíduo e a obra da arte.

A mostra reúne a peça em fotografia 'Tela Habitada' e a série 'Desenho (com pigmento)', de acordo com a Galeria Filomena Soares, em Lisboa, que representa Helena Almeida.

A nível internacional, Helena Almeida é também considerada uma das mais conceituadas artistas portuguesas.

Obteve vários prémios, entre eles o 1.º Prémio de Desenho, Coimbra (1969), o Prémio da 11.ª Bienal de Tóquio, o Prémio da Bienal de Vila Nova de Cerveira (1984), Prémio da Fundação Calouste Gulbenkian (1984), Prémio BESphoto 2004 e o Prémio AICA 2004.

Em 2013, apresentou uma das maiores exposições individuais no BES Arte & Finança, em Lisboa, sob o título 'Andar, abraçar', com obras inéditas e algumas nunca apresentadas em Portugal, com curadoria de Delfim Sardo.

Uma retrospetiva da sua obra foi feita em 2004, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, sob o título 'Pés no chão, cabeça no céu'.

A exposição 'Do Tirar Pelo Natural - Inquérito ao Retrato Português', patente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, abre exatamente com uma obra de Helena Almeida, disposta a toda a largura do átrio de acesso, com a sombra da artista em movimento constante: 'Ouve-me'.

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