Teresa Rita Lopes morreu no sábado, no concelho de Almada, distrito de Setúbal, aos 87 anos, confirmou hoje fonte do Grupo Editorial Presença à agência Lusa.
Numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa manifesta pesar pela sua morte e recorda o seu percurso enquanto "académica, investigadora, escritora premiada em vários géneros, e uma das mais distintas e ativas pessoanas".
"Exilada em Paris em 1963, foi professora na Sorbonne e doutorou-se com a tese «Fernando Pessoa e o Drama Simbolista», numa época em que o poeta não tinha ainda a irradiação internacional que hoje conhecemos", lê-se na nota.
Na mesma nota, refere-se que, regressada a Portugal, Teresa Rita Lopes "estudou aturadamente o espólio do escritor (a famosa «arca»), milhares de documentos decisivos, relevantes ou triviais, mas todos significativos, estudando a caligrafia, as versões, os heterónimos, e organizando novas edições de Pessoa seguindo as suas descobertas".
"Além de outros trabalhos universitários e literários, a Teresa Rita Lopes devemos, como a poucos, o conhecimento do nosso maior poeta contemporâneo", acrescenta-se.
Nascida em Faro, em 12 de setembro de 1937, Teresa Rita Lopes foi uma das investigadoras mais dedicadas aos estudos pessoanos e também autora de poesia, contos e peças de teatro.
A autora algarvia deixou o país em 1963, quando estava a ser perseguida pela PIDE, polícia política da ditadura, e exilou-se em França. Regressou para se dedicar ao estudo de milhares de documentos do espólio de Fernando Pessoa.
Teresa Rita Lopes tomou a seu cargo a realização de novas edições da obra pessoana, editando múltiplas obras do universo do poeta que morreu em 1935.
Ficou conhecida por, no período do Estado Novo, ter contribuído para impedir que o espólio do escritor saísse do país para ser vendido em Inglaterra, como relatou numa entrevista ao Postal do Algarve em 2020, na qual sublinhou: 'Ainda há muito de Pessoa para dar a conhecer'.
Na obra Teresa Rita Lopes destacam-se títulos como 'Cicatriz' (1996, Prémio Eça de Queirós), 'Os Dedos os Dias as Palavras' (1987), e 'Estórias do Sul' (2005).
Foi professora catedrática de Literaturas Comparadas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e codiretora da revista de poesia de língua portuguesa Orion.
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