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"Se cada um não cumprir com o seu papel, nunca vamos atingir metas"

Filipa Moita conversou com o Notícias ao Minuto a propósito do Dia Europeu da Reciclagem de Pilhas que se assinala este domingo.

"Se cada um não cumprir com o seu papel, nunca vamos atingir metas"
Notícias ao Minuto

09/09/18 por Patrícia Martins Carvalho

País Filipa Moita

A não reciclagem de pilhas, eletrodomésticos ou objetos elétricos é altamente prejudicial, não só ao ambiente, como também à saúde de todos.

No que diz respeito às pilhas, explicou a porta-voz da ERP Portugal – European Recycling Platform em entrevista ao Notícias ao Minuto, os metais pesados que as compõem representam um grande perigo para a saúde de todos nós, pois acabam por se infiltrar no “solo e nos circuitos de água”.

É por esta razão, sublinha Filipa Moita, que é tão importante que se coloque as pilhas nos Pilhões, que são contentores “especiais para este tipo de resíduo”.

O Dia Europeu da Reciclagem de Pilhas, que se assinala hoje, nasceu em 2015. Três anos volvidos, o objetivo continua a ser o de “chamar a atenção para esta questão urgente e promover atitudes mais responsáveis”.

Qual é a percentagem de portugueses que recicla eletrodomésticos?

Não temos esse número exato, mas sabemos que a nível nacional, no que respeita às metas de recolha impostas pela União Europeia, cumprimos com os 45% definidos para o fluxo de equipamentos elétricos e eletrónicos.

E relativamente à reciclagem de pilhas?

O mesmo não se passa com o fluxo de pilhas e acumuladores onde o país não consegue atingir os 45% impostos pela Diretiva Europeia. Contudo, no que respeita à ERP Portugal, as metas definidas para ambos os fluxos, foram sempre cumpridas ou mesmo ultrapassadas. 

Se cada um de nós não cumprir com o seu papel, então nunca vamos conseguir atingir as metas pretendidasO que é preciso fazer para aumentar estas percentagens?

Temos de sensibilizar os cidadãos para a sua responsabilidade. Se cada um de nós não cumprir com o seu papel, então nunca vamos conseguir atingir as metas pretendidas.

A reciclagem tem de ser encarada como uma prática comum e rotineira por parte dos cidadãos, sobretudo quando vivemos numa sociedade altamente consumista e dependente de produtos elétricos e eletrónicos, fácil e rapidamente substituídos.

Que números tem relativamente aos eletrodomésticos que são reciclados por ano?

Em 2017, foram encaminhados para tratamento cerca de 62.700 toneladas destes resíduos. No que respeita aos eletrodomésticos (EEE), os resíduos recolhidos e encaminhados para tratamento pela ERP Portugal desde o início da sua atividade (2006), já ultrapassaram as 180 mil toneladas. Só nos últimos três anos foram recolhidas e tratadas pela ERP Portugal mais de 60 mil toneladas destes resíduos.

Todos os eletrodomésticos são passíveis de ser reciclados?

Sim, mas não são todos submetidos ao mesmo tipo de tratamento. As operações de reciclagem a que são sujeitos os resíduos dependem dos seus componentes, materiais e perigosidade.

Além do tratamento específico das substâncias tóxicas, a reciclagem permite recuperar matérias-primas Como por exemplo?

O tratamento de frigoríficos, que contêm gases que contribuem para o empobrecimento da camada de ozono, não é igual ao tratamento das lâmpadas fluorescentes que contêm mercúrio, ou ainda ao tratamento de um telemóvel que possui materiais valiosos na sua constituição, como ouro, prata e terras raras.

Além do tratamento específico das substâncias tóxicas, a reciclagem permite recuperar matérias-primas que seriam extraídas da Natureza e que podem ser reintroduzidas no processo de produção de novos produtos.

O facto de cada eletrodoméstico ter a sua especificidade não dificulta o processo de reciclagem?

Dificulta porque os eletrodomésticos são compostos por diversas substâncias e materiais, como plástico, vidro e metais. Aliás, o principal desafio é conseguir separar todos estes materiais em frações individualizadas para que possam ser reciclados e reintroduzidos no processo de fabrico.

Como se pode resumir o processo de reciclagem?

Os resíduos são recolhidos e transportados até aos centros de triagem para serem agrupados de acordo com as categorias operacionais e modos de tratamento, culminando na etapa da reciclagem e obtenção de frações resultantes do tratamento. Todo este processo implica a contratação de operadores devidamente licenciados para a prestação de serviços de logística, transporte, armazenagem temporária e tratamento.

Onde é feita esta reciclagem?

A reciclagem dos REEE (Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos) geridos pela ERP Portugal é feita nos centros de tratamento dos operadores de gestão de resíduos, pertencentes à nossa rede, devidamente licenciados pelas autoridades portuguesas.

É igualmente possível detetar exemplares que podem ser reutilizados e direcionados para instituições de cariz social.

Depois de reciclados dão origem ao quê?

Com base nos materiais recuperados é possível a sua incorporação em novos produtos, tais como materiais de construção e mobiliário de jardim (plástico, alumínio, cobre e vidro) e peças utilitárias como cabides, botas, baldes e pás de plástico. Já os metais podem dar origem a objetos dos mesmos materiais (alumínio, cobre, ouro ou prata).

A reciclagem é uma preocupação dos próprios fabricantes?

Sim, com a mudança de uma economia linear para uma economia circular, cada vez mais se constata a preocupação dos fabricantes em reintroduzir nos seus novos equipamentos materiais reciclados.

O que é feito aos materiais que não são recicláveis?

Os materiais que não são passíveis de reciclagem podem ser alvo de valorização energética e outras formas de iluminação.

Algumas categorias de resíduos contêm substâncias nocivas que contaminam os solos e as águas e podem provocar doenças gravesQue perigo representa não colocar estes objetos nos locais adequados para reciclagem?

Algumas categorias destes resíduos contêm substâncias nocivas, nomeadamente os gases que contribuem para a redução da camada de ozono, e os metais pesados, como o chumbo, o mercúrio, o cádmio, entre outros, que contaminam os solos e as águas e podem provocar doenças graves. A fase de encaminhamento garante a reciclagem destes resíduos.

Qual é o papel da ERP Portugal?

A ERP Portugal é responsável pela sensibilização e educação dos cidadãos e por instalar uma rede de recolha capilar que permita a correta deposição de resíduos. É também responsável pela gestão dos REEE e Resíduos de Pilhas e Acumuladores em fim de vida (RPA) recolhidos através dos canais corretos acima enumerados.

As obrigações da ERP Portugal passam, ainda, pela promoção de projetos de Investigação e Desenvolvimento com vista à introdução e reforço de boas práticas na gestão destes fluxos específicos de resíduos.

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