Em declarações à agência Lusa, Angie Holan, alerta que a "criação da Rede Global de Verificação de Factos (GFCN) pela Rússia vem de uma velha cartilha de tentar criar imagens espelhadas de instituições legítimas (...), o seu objetivo é esbater as fronteiras entre jornalismo e propaganda, confundir o público e incentivar a apatia e o desinteresse por questões públicas importantes".
A responsável realça que o "nome foi deliberadamente concebido para criar confusão com a Rede Internacional de Verificação de Factos", enquanto estratégia para tirar legitimidade à "credibilidade e terminologia da verificação legítima de factos, ao mesmo tempo que serve propósitos completamente diferentes".
"O Estado russo tem sido um disseminador de desinformação de longa data em outros países", pelo que os seus esforços com esta nova organização podem ser vistos como "cínicos e prejudiciais à integridade da informação. Serve como um veículo de propaganda para defender narrativas pró-Kremlin enquanto ataca fontes credíveis", afirma a responsável.
Angie Holan refere ainda que a criação da GFCN pela Rússia mostra que o país entendeu "o poder das instituições de verificação de factos, e é por isso que a integridade e a independência dos esforços legítimos de certificação devem ser defendidas e promovidas".
No início do mês, a organização europeia EUvsDisinfo alertou para a existência de uma entidade financiada pelo Kremlin, que pretende imitar, intencionalmente, a Rede Internacional de Verificação de Factos, uma organização legítima administrada pelo Instituto Poynter de Estudos de Media.
A IFCN foi lançada em 2015 e atualmente reúne 170 organizações verificação de factos, com o objetivo de garantir a integridade da informação na luta global contra a desinformação.
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