Os mecanismos de verificação de factos são comummente utilizados por jornalistas e investigadores em todo o mundo, sendo essenciais na identificação e no combate da desinformação, bem como no fortalecimento dos regimes democráticos.
Contudo, "os atores de desinformação pró-Rússia tentaram corromper essa ferramenta para os seus próprios fins", criando 'sites' e organizações de falsos verificadores de factos, refere a EUvsDisinfo.
A organização europeia EUvsDinsifo revela a criação da "Rede Global de Verificação de Factos (GFCN)", uma entidade financiada pelo Kremlin, que pretende imitar, intencionalmente, a Rede Internacional de Verificação de Factos, uma organização legítima administrada pelo Instituto Poynter de Estudos de Media.
Lançado em abril deste ano, o 'site' da GFCN é já conhecido por disseminar desinformação, sendo que alguns dos seus administradores responsáveis estão sob sanções da União Europeia (UE), depois da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
A organização russa produz vários tipos de conteúdo, por exemplo sobre desinformação e contas falsas automatizadas em redes sociais ('bots'), mas sempre numa "linha que reflete perfeitamente a justificação de Vladimir Putin", refere a organização.
Por exemplo, um vídeo publicado em julho no YouTube, intitulado "As principais fontes de notícias falsas", não cita nenhuma fonte que justifique a informação apresentada, afirmando que a "desinformação visa minar a estabilidade e a soberania do Estado".
O alerta para a existência desta rede já tinha sido noticiado pela Lusa em abril deste ano, quando uma investigação da plataforma espanhola Maldita concluiu que o objetivo da iniciativa russa "é reunir jornalistas de verificação que compartilham os seus pontos de vista e valores", o que entra em conflito direto com a metodologia dos verificadores de factos independentes.
A investigação salientou ainda que a rede russa não segue os princípios estabelecidos pela Rede Internacional de Verificação de Factos (IFCN) e a Rede Europeia de Padrões de Verificação de Factos (EFCSN), como a independência editorial e política ou transparência financeira e organizacional.
A EUvsDisinfo é composta por uma equipa de especialistas em desinformação, fazendo parte do serviço diplomático da UE.
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