A Switch 2 foi lançada no começo de junho e, apesar de ter recebido ‘Mario Kart World’ logo no dia de lançamento e ser retrocompatível com todos os jogos lançados para a Switch original, havia até aqui o sentimento entre os que já ‘adotaram’ a nova consola da Nintendo que faltavam jogos novos.
Dizemos até aqui porque, entretanto, chegou às lojas ‘Donkey Kong Bananza’. Trata-se de um novo jogo exclusivo que, depois de termos passado algumas horas a jogar graças a um código providenciado pela Nintendo Portugal, podemos dizer que é o jogo que os fãs da empresa nipónica esperavam para tirar mais proveito das suas Switch 2.
Se esperava que a Nintendo lançasse um novo ‘Super Mario’ para a Switch 2 - tal como aconteceu em 2017 com ‘Super Mario Odyssey’ no lançamento da Switch - podemos dizer-lhe que ‘Donkey Kong Bananza’ cumpre esse papel e, dando-lhe oportunidade, continua a tradição da Nintendo no desenvolvimento de alguns dos melhores jogos de plataformas da indústria.
Tal não é por acaso uma vez que a própria Nintendo já confirmou que ‘Donkey Kong Bananza’ é produzido pelo mesmo estúdio responsável por ‘Super Mario Odyssey’, o que significa que, apesar de encontrarmos alguns elementos semelhantes, a equipa conseguiu levar alguns conceitos mais além e, em alguns pontos, até elevá-los.
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Enquanto personagem de videojogos, Donkey Kong é mais associado a jogos de plataformas em 2D. Além dos antigos ‘Donkey Kong Country’, a ‘franchise’ teve direito ao seu último jogo original em 2014 com ‘Donkey Kong Country: Tropical Freeze’ e que voltou a ser lançado em 2018 para a Switch.
Ao contrário destes títulos, ‘Donkey Kong Bananza’ é um jogo de plataformas em 3D e, tal como aconteceu em ‘Super Mario Odyssey’, o jogador é livre de explorar um cenário (ainda que limitado) e encontrar toda a espécie de segredos enquanto progride na história.
À semelhança do que acontecia com as luas de ‘Super Mario Odyssey’, em ‘Donkey Kong Bananza’ o jogador encontra bananas nos mais diversos sítios. O objetivo é suscitar a curiosidade do jogador e, tal como no último jogo do canalizador de boné vermelho, o cenário é feito para atrair o olhar e explorar sem nunca deixar de dar a devida recompensa.
Todavia, ao contrário do que acontecia em ‘Super Mario Odyssey’ em que as luas serviam para progredir entre as diferentes áreas, em ‘Donkey Kong Bananza’ as bananas ajudam a desbloquear habilidades de Donkey Kong. Sim, ‘Donkey Kong Bananza’ tem o equivalente a uma ‘skill tree’ em outros jogos. Ao colecionar cinco bananas, o jogador obtém um ponto para gastar em habilidades e que vão desde murros mais fortes, a um duplo salto, a um ataque aéreo giratório (uma ‘piscadela’ de olho a ‘Super Smash Bros.’) e também à expansão do ‘sonar’ que permite encontrar bananas e outros itens colecionáveis. Esta última habilidade é especialmente útil, sobretudo tendo em conta aquela que é a grande novidade de ‘Donkey Kong Bananza’.
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Destruição em massa
Por muito interessante que seja a presença de uma ‘skill tree’ num ‘Donkey Kong’, a verdade é que esta é uma adição que deixa de ser digna de tanto destaque face ao que é a grande singularidade deste jogo: a capacidade de destruir praticamente tudo ao redor.
Desde o início que ‘Donkey Kong Bananza’ deixa bem claro que não coloca entraves ao desejo de destruição do jogador. Com os poderosos punhos de Donkey Kong é possível abrir caminho entre rocha maciça, seja em frente, para baixo ou para cima. Claro que todos os cenários têm limites, mas é de facto possível alterar por inteiro a paisagem e deixá-la irreconhecível enquanto voam pedaços de ouro, moedas, fósseis e também as muito preciosas bananas.
Mais impressionante é o facto de a Nintendo ter pensado em terrenos com diferentes propriedades. Além da rocha normal, há também lama, metal ou gelo e todos eles são úteis na forma como se progride pelo cenário. Apesar de a lama impactar a velocidade de deslocação de Donkey Kong, também pode ser atirada para paredes de forma a fixar-se e proporcionar mais apoio para um salto do protagonista. O gelo, por outro lado, não oferece grande base de apoio devido à sua natureza escorregadia, mas pode ser usado para endurecer lava para criar plataformas.
Os desafios proporcionados por estes diferentes terrenos pode tornar-se mais fácil comprando roupas com as suas caraterísticas específicas. Além de alguns itens cosméticos, é possível usar os fósseis que encontre a explorar os cenários de forma a adquirir calças ou gravatas que o ajudem a ficar menos lento na lama, a nadar mais rapidamente ou a encontrar mais frequentemente baús que o apontam na direção de mais bananas ou fósseis.
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A capacidade de destruir praticamente todas as superfícies do cenário permite ao jogador pensar de uma forma menos linear. Tal como a Nintendo fez com ‘Breath of the Wild’ e ‘Tears of the Kingdom’ na série ‘The Legend of Zelda’, ‘Donkey Kong Bananza’ está mais preocupado em abrir o leque de possibilidades e deixar o jogador encontrar as suas próprias soluções em vez de lho negar e limitá-lo a um percurso linear. Há uma parede entre Donkey Kong e uma banana? Basta destruir as paredes ou o solo e contorná-la, sem necessidade de encontrar uma chave ou alguma peça de puzzle.
Isto não quer dizer, contudo, que ‘Donkey Kong Bananza’ seja desprovido de dificuldade. Os primeiros níveis são compreensivelmente mais fáceis para que o jogador entenda todos os conceitos e as possibilidades que estão ao seu alcance. É, aliás, num destes primeiros cenários que, devido à sua natureza mais aberta, que o jogador pode começar a treinar a habilidade de usar pedaços do cenário como ‘pranchas de surf’. Após este passo, será fácil começar a testar formas de usar estes pedaços como forma de tomar impulso - dando o tal duplo salto que é muitas vezes decisivo em algumas secções de plataformas.
‘Donkey Kong Bananza’ é bem-sucedido em apresentar gradualmente as várias possibilidades à disposição do jogador e de ser comedido na duração dos ‘puzzles’ de forma a não desvirtuar o principal conceito do jogo: a satisfação de destruir e explorar o cenário.
Os desafios mais interessantes são encontrados em pequenos ‘portais’ com objetivos específicos, que vão desde eliminar um grupo de inimigos num determinado limite de tempo, a atravessar um segmento mais desafiante de plataformas, atravessar um nível em 2D mais icónico de um dos jogos antigos ou até destruir um prédio na menor quantidade de tempo possível. Serve sublinhar que muitos destes ‘portais’ oferecem três bananas e, enquanto uma delas exige apenas que o jogador chegue ao fim, a segunda pode exigir que o faça mais rapidamente possível e a terceira estará um pouco mais escondida.
Ao jogar ‘Donkey Kong Bananza’ é interessante constatar que, apesar de um conceito tão forte e marcado, o jogador dificilmente se sentirá aborrecido tal não é a velocidade a que encontra coisas novas por fazer, mantendo-se sempre divertido ao longo da experiência.
Sublinhar que, apesar de o jogo permitir destruir todo o cenário, o formato original sem destruição pode ser reposto com uma simples ida ao menu do mapa que, aliás, é ele próprio bastante útil para conseguir localizar-se no meio do caos. O facto de, ao sair do mapa, o menu fazer ‘zoom in’ em Donkey Kong vai ajudá-lo a saber exatamente para onde ir.
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Música no coração
Com tudo isto nem falámos ainda sobre a relação entre Donkey Kong e Pauline. Esta personagem feminina, que surge já adulta em ‘Super Mario Odyssey’, é em ‘Donkey Kong Bananza’ uma criança que, apesar de já manifestar manifestar o gosto por cantar, sofre ainda de medo de palco.
Donkey Kong começa por encontrar Pauline em fuga dos vilões da Void Company que têm o objetivo de chegar ao centro do planeta. Impedidos de regressar à superfície, Donkey Kong e Pauline unem–se para seguir no seu encalço com esperança de encontrar um caminho de volta.
As habilidades vocais de Pauline têm um impacto direto na jogabilidade, não só para eliminar o estranho metal roxo aplicado pela Void Company, como também para despertar habilidades especiais em Donkey Kong. Ao longo do jogo, o protagonista consegue transformar-se num gorila mais forte, numa rápida zebra ou até uma avestruz que lhe permite voar por alguns momentos. É importante sublinhar que todas estas formas contam com a sua própria ‘skill tree’, pelo que é possível desbloquear mais habilidades e até fortalecê-las.
Ao invés de limitar o uso destas formas especiais a um medidor que é lentamente preenchido e só pode ser usado de tempos em tempos, a Nintendo decidiu dar aos jogadores a possibilidade de as usar tantas vezes quanto queiram. Acontece que os medidores destas formas são preenchidos com ouro e, tendo em conta que este se encontra pelo cenário inteiro, não terá problema em ativar a forma, esgotar o medidor e ativá-la logo de seguida. Além disso, poderá trocar de formas quantas vezes quiser durante uma ativação e divertir-se com cada uma delas da forma como quiser.
Mais do que útil, Pauline é uma parte integrante da história e a forma como evolui a relação com Donkey Kong é um dos elementos mais importantes do jogo, sobretudo pela forma como se desenrola e os dois interagem nos momentos mais banais.
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Considerações finais
Se estava indeciso em relação à capacidade de ‘Donkey Kong Bananza’ apresentar qualidade suficiente enquanto jogo de plataformas para fazer valer a compra de uma Switch 2, certamente não terá dúvidas após ler a nossa análise.
‘Donkey Kong Bananza’ pode ser interpretado como uma união dos conceitos iniciados em ‘Super Mario Odyssey’ e nos dois últimos ‘The Legend of Zelda’, sem com isso perder a identidade de um jogo da série. Apesar das sequências mais caóticas poderem levar a algumas quebras de ‘framerate’, o grafismo é bonito, recheado de vida e detalhes e a câmara nunca deixa de seguir a ação com eficácia.
A música - sempre parte importante de qualquer ‘Donkey Kong’ - também não desilude e, com a presença de Pauline às costas de Donkey Kong, é na verdade parte integrante da jogabilidade.
Mais do que um título de grande qualidade capaz de se colocar em pé de igualdade com outros jogos do género da Nintendo, ‘Donkey Kong Bananza’ é mais um testemunho do que a Nintendo continua a saber fazer tão bem - excelentes jogos que continuam a puxar os limites e inovar a cada novo título.
Pontos fortes:
- Destruir nunca foi tão divertido;
- Cenários belos e diversos, apesar de subterrâneos;
- Variedade de materiais e habilidades;
- Diferentes formas especiais;
- Capacidade de evoluir habilidades e usar roupas com diferentes propriedades;
- Relação entre Donkey Kong e Pauline.
Pontos fracos:
- A espaços, a ‘framerate’ pode tornar-se instável;
- Alguns ‘bosses’ são demasiado fáceis;
- Modo cooperativo pouco interessante para o segundo jogador.
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