A digitalização é "muito importante, aliás, obrigatória, para o sucesso a todos os níveis", afirmou Ivo Ivanov, num encontro com jornalistas em Lisboa, referindo que se vê conflitos no mundo, tarifas, impostos, mas "não há luta" sobre este tema.
"Não há luta sobre este tema porque é crítica e fundamental para todos os diferentes tipos de empresas e também para os interesses nacionais", prosseguiu.
"Acredito que a digitalização está acima da política", apontou, defendendo ser importante, nomeadamente na Europa, que se reconheça a soberania digital.
A localização dos dados e tornar-se independente de outras regiões é "crucial", não apenas do ponto de vista da latência, mas também da segurança, da soberania, dos direitos das pessoas, da proteção de dados e dos direitos humanos.
A DE-CIX está a preparar-se para a sua configuração mais ambiciosa até ao momento: o Space-IX (www.space-ix.net).
O gestor adiantou que já falou com a Starlink: "A minha visão é colocar a Internet Exchange (...) no Espaço muito em breve. provavelmente não no próximo ano, mas dentro dos próximos cinco anos".
No ano em que a empresa cumpre o 30.º aniversário, o CEO adianta que "o 'peering', interligação direta de rede através de um IX [Internet Exchange], será fundamental para criar uma infraestrutura preparada" para a inteligência artificial e para todos os casos de utilização futuros.
Segundo Ivo Ivanov, o Espaço pode atuar como um centro de computação: os modelos de IA podem ser treinados em órbita com ampla energia solar para energia e arrefecimento. As constelações de satélites LEO estão a expandir-se rapidamente, construindo infraestruturas semelhantes às redes terrestres, referiu.
Defendeu também a necessidade de baixa latência, com um ecossistema equilibrado entre modelos de IA, dispositivos conectados (IoT, Edge) e tecnologias de transmissão (fibra ótica, 5G/6G, satélites LEO) porque é interligação é base "do sucesso".
Na fase de inferência, as aplicações de IA envolvem vários agentes de diferentes fornecedores (agentes de aprendizagem, movimento e perceção em robôs humanóides). Estes agentes devem trabalhar em conjunto em tempo real, tal como as 'clouds' [nuvens] e as redes se interligam em IX, referiu.
Ivo Ivanov referiu ainda a posição de Portugal como mercado emergente, à medida que novos hiperescaladores estabelecem a presença na região, com o contributo da DE-CIX como aceleradora.
Apontou que a proximidade dos pontos de amarração dos cabos submarinos e dos centros de dados é uma grande vantagem para Portugal: 16 cabos em funcionamento, quatro novos entraram ao serviço em 2025 e 2026.
Para o responsável, o número de cabos submarinos que chegam a Portugal aumentará e solidificará a sua posição como um centro de conectividade internacional vital a caminho do futuro digital, tornando o país a porta de entrada para a Europa, África e Américas.
No total, a Associação Portuguesa de Data Centers, da qual a DE-CIX é membro, prevê mais de 12 mil milhões de investimentos na indústria de 'data centers' em Portugal nos próximos cinco anos.
A DE-CIX terminou o ano com mais de 4.000 redes conectadas em todo o mundo, mais 10% em relação a 2023, e 170 terabits de acpacidade de clientes conectados (subida de 20%).
Presente em 60 mercados de cinco continentes e o anúncio da entrada no Brasil, a DE-CIX cumpriu cinco anos em Portugal em 2024, tendo o pico de tráfego aumentado 14% e o Internet Exchange contabilizado 62 redes ligadas.
A empresa reforçou a presença com a expansão DE-CIX Lisboa para o Sines Data Center, o maior campus de centro de dados da Europa, reforçando a capacidade de disponibiliazr soluções de interligação de alto desempenho na região.
A próxima edição da Atlantic Convergence realiza-se entre 28 e 30 de outubro, em Lisboa.
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