À agência Lusa, a responsável disse que a "tecnologia, nomeadamente a inteligência artificial, tem sido utilizada em atividades relacionadas com a Manipulação e Interferência de Informação Estrangeira (FIMI)", considerando que a IA abriu caminho para multiplicar o alcance das contas de 'bots' artificiais e manipular os algoritmos.
Uma conta 'bot' (diminutivo de robô) é automatizada e dotada de IA, sendo concebida para compreender e simular ações humanas de uma forma repetida e padronizada.
Este tipo de contas é frequentemente utilizado para facilitar a disseminação de determinadas narrativas, como 'fake news'.
Embora haja "espaço para que as mesmas tecnologias sejam aplicadas no controlo e combate à FIMI", estas também são usadas para ajudar a detetar a localização de mensagens de forma a se adaptarem à língua de cada país, defendeu.
Nas operações FIMI, a porta-voz disse que "a Rússia e a China criaram uma enorme infraestrutura digital para realizar operações de Manipulação e Interferência de Informações Estrangeiras", sendo que em 2024 mais de 90 países e mais de 300 organizações foram alvo de ataques.
"Os agentes da ameaça FIMI visam os Estados-membros de uma forma personalizada - no seu território, na língua e no contexto locais, recorrendo por vezes a agentes e representantes locais. A FIMI é uma ameaça que atinge o coração da democracia liberal", acrescentou.
Anitta Hipper considera que a UE está bem preparada para lidar com a situação, através da sensibilização e reforço da capacidade de resistência, bem como através da exposição das táticas, técnicas e procedimentos utilizados pelo Kremlin neste tipo de operações.
Neste campo de atuação, a responsável destaca o trabalho da plataforma EUvsDisnifo que expõe as narrativas e operações russas e pró-kremlin, ao mesmo tempo que refere que "as instituições da UE cooperam estreitamente, reunindo-se regularmente e partilhando informações com a Comissão e o Parlamento" para discutir as opções de reposta que podem ser utilizadas perante estas ameaças.
Esta semana, a UE anunciou a disponibilização de 13,5 milhões de euros para projetos de comunicação social que produzam notícias sobre o bloco europeu, sendo mais de cinco milhões de euros destinados ao combate da desinformação e ao desenvolvimento de projetos de literacia mediática.
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