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Investigadores descobrem primeira disrupção gigante nas nuvens de Vénus

Uma equipa internacional, que incluiu um investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), descobriu a "primeira disrupção gigante" nas nuvens de Vénus que tem fustigado as zonas profundas da atmosfera há pelo menos 35 anos.

Investigadores descobrem primeira disrupção gigante nas nuvens de Vénus
Notícias ao Minuto

15:37 - 05/08/20 por Lusa

Tech Espaço

Em comunicado, o IA avança hoje que nos céus de Vénus, constituídos sobretudo por dióxido de carbono e nuvens de ácido sulfúrico, foi descoberta uma disrupção atmosférica gigante "ainda desconhecida em qualquer outra parte do Sistema Solar".

"[A disrupção] desloca-se veloz a 50 quilómetros de altitude e passou despercebida durante pelo menos 35 anos", refere o instituto, observando que o estudo, liderado pela agência espacial japonesa JAXA, foi publicado na revista científica Geophysical Research Letters.

Esta clivagem de escala planetária nas nuvens de Vénus pode estender-se por 7.500 quilómetros, cruzando o equador, explica o instituto português, acrescentando que a mesma "desliza periodicamente em torno do globo sólido em cinco dias, a cerca de 328 quilómetros por hora".

Citado no comunicado, Pedro Machado, investigador do IA, afirma que, se tal acontecesse na Terra, "seria como uma superfície frontal, mas à escala planetária, o que é algo inacreditável".

"Como parte da campanha de validação, estivemos a rever as imagens das minhas observações no infravermelho em 2012 com o Telescópio Nacional Galileo, nas Ilhas Canárias, e estava lá a descontinuidade tal e qual", refere o investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. 

De acordo com o IA, outros padrões gigantes têm vindo a ser observados nas nuvens da atmosfera de Vénus, como a "onda Y ou a onda estacionária em forma de arco".

"Ambas nas nuvens altas, mas esta [disrupção] é a primeira candidata a onda planetária descoberta a baixas altitudes", lê-se no documento, acrescentando que esta região profunda da atmosfera é responsável pelo efeito de estufa "descontrolado que retém o calor e mantém a superfície a 465 graus Celsius".

"Ondas de escala planetária como esta poderão ajudar a estabelecer uma ligação entre a superfície e a dinâmica da atmosfera de Vénus como um todo, a qual, em certa medida, é ainda um mistério", salienta.

Também citado no comunicado, Javier Peralta, líder do estudo, acrescenta que uma vez que a disrupção não é observada em imagens no ultravioleta que sondam o topo das nuvens, "torna-se de importância critica confirmar a sua natureza ondulatória".

"Assim teríamos finalmente encontrado uma onda a transportar momento e energia da atmosfera profunda e a dissipar-se antes de chegar ao topo das nuvens. Estaria assim a depositar momento precisamente ao nível onde observamos os ventos mais rápidos da designada super-rotação atmosférica de Vénus, cujos mecanismos são um mistério de longa data", afirma.

Para os investigadores, é para já difícil fornecer uma interpretação física convincente, tendo em conta que este é um fenómeno meteorológico novo e ainda não visto em outros planetas.

No comunicado, o IA afirma ainda não ter só contribuído com o trabalho anterior no âmbito do seu programa de pesquisa dos ventos de Vénus, mas também com novas observações com o telescópio de infravermelhos IRTF da Nasa, no Havai, coordenadas com as observações simultâneas a partir do espaço com a sonda Akatsuki.

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