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Observar buraco negro é como ler em Paris jornal exposto em Nova Iorque

A capacidade de observação da rede de radiotelescópios com a qual foi obtida a primeira 'fotografia' de um buraco negro, hoje divulgada, equivale a ler um jornal exposto em Nova Iorque a partir de um café em Paris.

Observar buraco negro é como ler em Paris jornal exposto em Nova Iorque
Notícias ao Minuto

19:00 - 10/04/19 por Lusa

Tech OES

A analogia é feita em comunicado pelo Observatório Europeu do Sul (OES) e pelo Event Horizon Telescope (EHT), uma rede à escala planetária de oito radiotelescópios em solo que foi formada sob colaboração internacional para capturar as primeiras imagens de um buraco negro, objeto no universo completamente escuro do qual nada pode escapar, nem mesmo a luz.

Um dos radiotelescópios usados foi o ALMA, do OES, composto por 66 antenas e que está localizado no planalto de Chajnantor, nos Andes Chilenos, a 5.000 metros de altitude, no norte do Chile.

Da equipa de mais de 200 investigadores que participaram na observação do buraco negro supermaciço e da sua sombra, que se situa no centro da galáxia M87, faz parte o astrofísico português Hugo Messias, do observatório ALMA. O Observatório Europeu do Sul é uma organização astronómica da qual Portugal faz parte.

As observações do EHT foram feitas a partir de uma técnica conhecida como "interferometria de linha de base muito longa", que sincroniza os diversos telescópios colocados em diferentes pontos do mundo e "explora a rotação" da Terra para formar "um enorme telescópio do tamanho da Terra".

A técnica permitiu à rede de oito radiotelescópios ter "a maior resolução angular alguma vez atingida", ou seja, "o suficiente para se ler um jornal colocado em Nova Iorque", nos Estados Unidos, "a partir de um café em Paris", em França.

A resolução angular, que determina o desempenho de instrumentos de observação como os telescópios, é a capacidade de se distinguir dois objetos cujas imagens estão muito próximas.

Ao contrário de um telescópio ótico, que produz imagens a partir da luz visível, um radiotelescópio, como os oito utilizados para registar o buraco negro da M87, capta as ondas de rádio emitidas por corpos celestes através de uma ou várias antenas de grandes dimensões.

As observações feitas a alta altitude pelos oito radiotelescópios - um deles localizado na Serra Nevada, em Espanha, e outro na Antártida - decorreram numa campanha em 2017.

Apesar de os instrumentos não estarem fisicamente ligados, os seus dados foram sincronizados através de relógios atómicos, que deram o tempo exato das observações.

Cada telescópio gerou "enormes quantidades de dados", cerca de 350 'terabytes' por dia, que foram guardados em discos rígidos com hélio, que pesam menos e têm maior capacidade de armazenamento.

Os dados foram migrados para supercomputadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, e convertidos numa imagem através de "ferramentas computacionais inovadoras".

"Calibrações múltiplas e métodos de obtenção de imagens" revelaram, no final, "uma estrutura semelhante a um disco com uma região central escura - a sombra do buraco negro - que se manteve em várias observações independentes do EHT". A sombra de um buraco negro "é o mais próximo" da imagem do buraco negro propriamente dito, uma vez que este é totalmente escuro.

Dada a sua enorme massa (6,5 mil milhões de vezes superior à do Sol) e a relativa proximidade (55 milhões de anos-luz da Terra), os cientistas vaticinaram que o buraco negro da galáxia M87 fosse um dos maiores que pudesse ser visto da Terra, "o que o tornou um excelente alvo" para o Event Horizon Telescope.

A presença de buracos negros, os objetos cósmicos mais extremos que foram previstos em 1915 pelo físico Albert Einstein na Teoria da Relatividade Geral, deforma o espaço-tempo e sobreaquece o material em seu redor.

Até à 'fotografia' hoje divulgada, as imagens de um buraco negro eram meramente conceções artísticas.

Os resultados do trabalho do Event Horizon Telescope são descritos em seis artigos publicados hoje num número especial da revista da especialidade The Astrophysical Journal Letters.

A mesma rede de radiotelescópios também se propõe obter a primeira imagem do buraco negro supermaciço Sagitário A, localizado no centro da Via Láctea. 

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