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Centeno ou Bloco e Partido Comunista? "Nem um nem outro têm razão"

Manuela Ferreira Leite abordou a crise política que se começa a sentir no seio do governo, apontando as razões. Afirma que Centeno não mentiu em nada no seu artigo de opinião, mas defende que "o que ele não diz é que só consegue eliminar o peso da dívida se seguir esta política por mais 30 anos".

Centeno ou Bloco e Partido Comunista? "Nem um nem outro têm razão"
Notícias ao Minuto

23:25 - 12/04/18 por Tiago Miguel Simões

Política Manuela Ferreira Leite

Muita tem sido a tensão, críticas públicas e ultimatos no seio da esfera política portuguesa, com Marcelo Rebelo de Sousa a sentir a necessidade de intervir e afirmar que não vai aceitar uma crise política. Mas, afinal, o que se está a passar?

No seu habitual espaço de comentário na TVI24, Manuela Ferreira Leite tentou esmiuçar o problema, dando também a sua opinião. "Estamos habituados a discutir na altura do Orçamento (...) mas sempre em abril, de acordo com as instruções europeias, todos os Governos devem apresentar um plano para cinco anos, todos os anos ele é atualizado, sobre as orientações da sua política orçamental e económica" e é aqui que reside a questão, contextualizou a antiga Ministra das Finanças.

Até aqui, tudo normal. O problema é levantado, diz Ferreira Leite, por um "pormenor".

"Temos o Orçamento para 2018 aprovado, nesse Orçamento prevê-se que o défice seja de 1,1% e agora aparece o PEC em que em 2018 não está lá 1,1%, está lá 0,7%. É esta a polémica. Porque é que estando um Orçamento aprovado com 1,1% agora em abril já sabemos que não vai ser 1,1% mas apenas 0.7%", questionou, deixando outra questão: "O que estão fazer com 800 milhões de euros?".

A economista explicou ainda a visão de Centeno, que é claramente divergente da dos partidos que apoiam o Governo. "O Ministro das Finanças considera que deve aproveitar essa almofada que vêm de 2017 e utilizá-la já para 2018 , baixando portanto o défice que estava prever inicialmente. O Bloco de Esquerda e PCP opõem-se a esta ideia e consideram que estes 800 milhões não é para baixar o défice, que está muito bem em 1,1%. Já aceitam 1,0% para dar uma margenzinha ao Governo. E utilizar esse dinheiro, essa folga na melhoria dos serviços públicos, investimentos... não consideram que seja desejável do ponto de vista político baixar o défice mais do que está previsto em 2018", disse Manuela Ferreira Leite.

A antiga lider social-democrata disse também que leu "com atenção" o artigo de Mário Centeno no Público, ressalvando que "tudo o que ele lá diz é verdade".

No entanto, "olhando para a exposição do Ministro das Finanças do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista, considero que nem um nem outro têm razão. Na minha opinião". Isto porque a redução do défice é prioridade para o Ministro das Finanças mas a economista não concorda. Centeno quer "ir reduzindo o peso da dívida pública. Mas aquilo que ele não diz é que só consegue eliminar o peso da dívida se seguir esta política por mais 30 anos", ressalva, dizendo que entretanto "há serviços públicos que se estão a degradar, necessidades que deveriam ser colmatadas".

Ainda na sua opinião, a verdadeira prioridade é "o crescimento económico".

Confrontada com o estado em que se encontra a Oncologia Pediátrica do Hospital de São João, Ferreira Leite afirmou "admito que não é possível ter um Serviço Nacional de Saúde sem pontos negros em alguns lados".

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