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"Espanha é Estado mas nunca foi nação. É uma Nação de Nações"

O centrista Paulo Portas analisou a situação do referendo na Catalunha.

"Espanha é Estado mas nunca foi nação. É uma Nação de Nações"
Notícias ao Minuto

23:14 - 30/09/17 por Inês André de Figueiredo

Política Paulo Portas

Paulo Portas esteve na antena da TVI a explicar o que se passa em Espanha, mais especificamente na Catalunha, antecipando o referendo de amanhã e a forma como este poderá ser problemático para o país.

Frisando que a polícia será uma parte extremamente relevante da votação, o ex-vice-primeiro-ministro recordou que os Mossos d’Esquadra têm ordens para obedecer às instruções da direção que foi assumida por Madrid e também aos mandados dos juízes.

“Ou há violência quando as pessoas quiserem votar e a polícia as expulsar; ou há condescendência e Espanha tem um problema; ou então uma larga maioria ficará em casa”, prevê o centrista, ressalvando que a última opção não deverá acontecer.

A “pressão emocional” envolta neste referendo deverá ser bem visível amanhã, tal como tem acontecido nas grandes manifestações dos últimos dias. Contudo, só não será maior porque há emigrantes de outras partes de Espanha que mantêm as ideias a favor da união, explicou Portas.

“O nacionalismo na Catalunha, como no País Basco, é praticamente maioritário, mas com uma maioria muito pequena. Só não é largamente maioritário porque há milhões de emigrantes espanhóis, nomeadamente da Andaluzia e da Estremadura, na Catalunha, e que fazem os trabalhos que os catalães não querem fazer. É isso que aguenta o Partido pró-espanhol na Catalunha”, garante o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros.

“Espanha é um Estado mas nunca foi uma nação, há uma expressão em Espanha que diz que a Espanha é uma Nação de Nações. Vista de fora, Espanha é uma potência, vista de dentro, Espanha é de uma enorme fragilidade”, assegura, referindo que a Catalunha separar-se de Espanha abriria caminho a que o País Basco quisesse o mesmo.

“Espanha não pode deixar partir a Catalunha, porque se partir será apenas a primeira”, assume Paulo Portas.

Sobre a Catalunha, falou ainda das mudanças nas últimas décadas, recordando que no “regime de Franco, um regime autoritário”, a Catalunha era “a parte mais aberta de Espanha, a mais europeia”. “Hoje em dia as aulas são dadas em catalão e não em espanhol, os jovens podem ficar isolados do mundo. O comércio em Barcelona, se não for em catalão, paga uma multa. As notícias sobre a Catalunha aparecem com legendas porque [eles] só falam em catalão. O problema é muito sério. Barcelona e Catalunha estão a perder poder económico porque muitas empresas estão a fugir para Madrid, porque não querem esta pressão etno-centrica”, apesar de ainda se manter o grande poder económico que sempre foi associado a esta zona de Espanha.

Aliás, o centrista explica ainda que “o referendo é ilegal porque Espanha tem um artigo na Constituição que diz que se alguém quiser separar-se, o referendo só poderá existir se votarem todos os espanhóis”.

Esta alegada votação irá ainda fazer notar a “fragilidade” do país e, no dia 2 de outubro, “é preciso encontrar uma solução que consiga encaixar mais um tempo, mais umas décadas, a realidade catalã na espanhola”.

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