Correia de Campos dedicou o artigo de opinião publicado esta quarta-feira no site Ação Socialista às eleições presidenciais de 2017 nos Estados Unidos.
Na opinião do ex-ministro da Saúde, “ninguém pode hoje garantir que Hillary Clinton vá vencer. A diferença que a separava de Trump evaporou-se e a disputa agora centra-se nos potenciais estados de viragem, de que a Flórida é o exemplo mais comum”.
O socialista elenca, por isso, os aspetos que podem estar a ditar a queda de Hillary. “O que é que está a correr mal para os democratas? Praticamente tudo: a candidata tem o que se pode chamar carisma negativo. Tem uma imagem de enorme arrogância intelectual, de resto totalmente justificada, dadas as suas capacidades e experiência. Tem passado o tempo a lamentar a falta de nível de Trump (o que nem por ser verdade, acarreta qualquer vantagem), gastou milhões em anúncios na TV dirigidos apenas aos que veem televisão, esquecendo que jovens e ativos cada vez ligam menos aos anúncios da política”, explicou.
A democrata, acrescentou, “adoeceu em plena campanha e tardou em informar o público, levantando escusados problemas sobre a sua capacidade física para o cargo e não consegue apagar dos media aqueles problemas, para nós inexistentes, de ter usado o seu endereço eletrónico pessoal para trocar correspondência de estado, correndo o risco de fugas de informação, o que só agrava a paranóia securitária dos americanos”.
Já em relação ao adversário Donald Trump, Correia de Campos não é menos crítico. “E como se explica que Trump esteja a crescer, mentindo todos os dias como sempre fez, proferindo insinuações e até comentários racistas, divisionistas e falsos? Muito simplesmente por haver milhões de cidadãos zangados e descrentes da política, que de forma ligeira aceitam o quanto pior melhor, a descida aos infernos da inverdade, o vale tudo menos tirar olhos”, atirou.
“Populismo? Não sei se será este o nome adequado para um comportamento simultaneamente desinteressado dos resultados e retirando gozo do disparate. Na esperança de que os assessores, depois, eduquem o candidato eleito, ou até de que o mundo melhore com atitudes de fanfarronice e desrespeito pela comunidade internacional. Uma estranha sensação de desmanchar o politicamente correto, de exaltar a vigarice bem sucedida e a batota nos negócios. Reconheceu-se agora que ao longo de vinte anos, Trump sacou à cidade de Nova Iorque cerca de 350 milhões de dólares em benefícios fiscais, muitas vezes obtidos de forma contenciosa. E continua a recusar divulgar as suas folhas de impostos”, escreveu o socialista.
Em todo o caso, reforça o antigo governante que, “para Clinton, nada está perdido”, até porque, a seu ver, “muitos eleitores relutantes, vão decidir-se por Hillary na derradeira hora, um pouco aterrorizados com a continuação do disparate incessante”.