António, o menino que aos 14 anos pôs rosa ao peito e não mais a tirou

António Costa candidata-se, pela primeira vez, a primeiro-ministro. O Notícias ao Minuto conta-lhe um pouco mais sobre o homem que chegou cedo à política e que está à frente do Partido Socialista.

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Inês André de Figueiredo
02/10/2015 08:26 ‧ 02/10/2015 por Inês André de Figueiredo

Política

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Com apenas 14 anos, António Costa começou a interessar-se pelo mundo da política. A sua mãe, Maria Antónia Palla, “percebeu o que o filho queria” e pediu a Alberto Arons de Carvalho, de quem mais tarde Costa se tornaria amigo, para o acolher e filiar na Juventude Socialista  – era o início de uma paixão, de uma carreira, de uma vida de ‘rosa’ ao peito.

O amigo de longa data conta, ao Notícias ao Minuto, que António e a mãe viviam “a 100 metros da sede da JS”, na altura na rua São Pedro de Alcântara, em Lisboa. A instrução e a idade deixavam muitos surpreendidos, mas a verdade é que o pequeno António chegou para ficar.

Arons de Carvalho garante que, com a amizade e cumplicidade que criaram, descobriu “uma pessoa extremamente sensível, amigo do seu amigo, solidário”, com quem partilhou momentos e histórias de vida que permanecerão na memória. “Houve uma altura em que, já não sei porquê, resolvemos ir dar uma volta de comboio pela Europa”, recorda, com nostalgia. “Eu estava convencido de que tínhamos ido só a Paris, mas ele há uns tempos disse-me “olha, estive em Budapeste, onde não tinha estado desde que tu foste lá comigo””, recordando que a viagem tinha sido mais alargada.

Apesar da ligação forte à juventude do partido, António Costa nunca chegou à liderança da Juventude Socialista. Olhando para trás, o amigo acredita que Costa “nunca chegou a líder porque quando podia ter sido achou que, à frente dele, havia alguém mais velho, que teria melhores condições”, no caso, Luís Patrão, que acabaria por perder no Congresso frente a Margarida Marques.

A Juventude e o Partido Socialista estiveram sempre presentes, mas a vida pessoal começou a ser construída ao lado de Fernanda Tadeu, com quem casou no dia 31 de julho de 1987, pelo civil, apenas com uns amigos que apareceram de surpresa e sem copo de água. Fugiram depois para Veneza. Hermínia Vilar, amiga de ambos, explicou à Visão que António e Fernanda se tornaram melhores amigos, até confidentes, quando frequentaram o liceu Passos Manuel, e não mais se separaram.

Fernanda é educadora de infância e manteve-se todos estes anos ao lado do marido, mas nunca deixando de cumprir os seus compromissos profissionais para o acompanhar em eventos. Ia apenas quando podia. Em comum têm dois filhos, Pedro Miguel Tadeu da Costa e Catarina Tadeu da Costa.

O agora líder do Partido Socialista, apesar do pouco tempo livre, nunca deixou de estar presente nos momentos mais importantes – aniversários, festas da escola, doenças – “Nunca falhou!”, garante Fernanda Tadeu à Visão.

Quando acabou o curso de Direito, na Universidade de Lisboa, ingressou num estágio no escritório de advogados de Jorge Sampaio e Vera Jardim. A paixão pela política e pelo associativismo levaram-no a ser membro da direção da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa e rapidamente chegou à Assembleia Municipal de Lisboa, onde ficou de 1982 até 1993.

Segue-se a Assembleia da República; uma candidatura à Câmara Municipal de Loures, onde foi eleito vereador; uma posição no XIII Governo Constitucional como secretário de Estado e, mais tarde, como ministro dos Assuntos Parlamentares, num Executivo chefiado por António Guterres. Na legislatura seguinte foi nomeado ministro da Justiça e presidente do Grupo Parlamentar do PS.

A carreira de António Costa prosseguiu na política europeia, onde foi deputado e vice-presidente do Parlamento Europeu. Anos mais tarde, regressou a Portugal para integrar o Governo de José Sócrates, como ministro de Estado e da Administração Pública. Depois, e durante sete anos, esteve à frente da Câmara de Lisboa.

No ano de 2014, na sequência do resultado do Partido Socialista nas eleições europeias, António Costa candidatou-se a líder do PS, defrontando e ganhando a António José Seguro nas eleições primárias. O rapaz, que aos 14 anos sentiu uma atração pela política, chegou à liderança de um dos maiores partidos portugueses e pelo qual pretende ser eleito primeiro-ministro.

Como profissional, Arons de Carvalho, que continua a acompanhar a sua carreira, descreve-o como “muito arguto, muito inteligente, muito preparado”, principalmente “capaz de levar as coisas à prática, como um bom concretizador”, salvaguardando que é uma pessoa que “gosta mais de estar ligada ao fazer do que ao discutir, fiscalizar, debater”. “A vida dele é fazer”, assegura, dando o exemplo da Câmara de Lisboa.

Em declarações ao Notícias ao Minuto, Paula Espírito Santo, politóloga, realça o facto de Costa ter uma “experiência política mais rica” do que o seu adversário direto, Pedro Passos Coelho, mostrando que “consegue passar uma mensagem simples de forma simples”, sendo, ao mesmo tempo, “mais volátil e mais emocional” e transparecendo “simpatia e jovialidade”.

O homem que adora cozinhar e tem o vício de fazer puzzles pretende chegar ao poder, impor uma política diferente da apresentada pela coligação, que tem criticado constantemente. Quer ‘construir’ um país com a sua visão, como se de um puzzle se tratasse, e apoiado por muitos dos históricos nomes do Partido Socialista.

As eleições legislativas do próximo domingo, 4 de outubro, ditarão o futuro de António Costa, quer seja à frente de próximo governo português, quer seja na liderança, ou não, do partido que o viu crescer e que muito contribuiu para o homem em que se transformou.

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