Na semana em que anunciou abandonar o Parlamento para ser “livre como um passarinho” de um “sistema doente”, José Ribeiro e Castro refere que se deixou desiludir pelo rumo político que está a ser atualmente tomado.
O político toma como exemplo as notícias publicadas na última edição do Jornal Expresso, de dia 20, que dão conta de entendimentos entre PSD e PS, mas sem o consentimento do CDS, que posteriormente exerceu pressão sobre o partido de Passos, fazendo com que recuasse nos acordos.
"Já é estranho que o PSD, em coligação com o CDS-PP, concerte com o PS sem dar cavaco ao CDS, sobretudo em matéria sensível como os temas eleitorais. Mas igualmente estranho é que o CDS-PP tenha, alegadamente, tido que chegar ao extremo de ameaçar votar contra e queixar-se ao Tribunal – e aprecie divulgar o conflito e o 'remédio', mesmo depois de resolvido e superado. Como sinal de coesão, não está nada mal", escreve Ribero e Castro.
Outro dos fatores inside sobre outra notícia publicada pelo mesmo jornal, que dá conta do acordo entre PS e CDS sobre a redução do IVA nos Açores, notícia que na opinião do advogado português causa problemas de justiça tributária entre o Continente e o arquipélago.
"A coisa poderia compreender-se limitadamente, no singular contexto regional açoriano; mas, no quadro nacional, é a despropósito, ou melhor, sintomático. Pode aceitar-se a ideia de que, em geral, estamos a pagar impostos altíssimos não porque seja necessário, mas apenas porque o CDS não tem interlocutor no PSD, mas já o tem no PS? Medite-se bem nesta frase do altíssimo dirigente do CDS: 'Agora, provámos nos Açores que o CDS não abdica de reduzir os outros impostos, desde que tenha interlocutor para isso'", analisa.
É então sobre este panorama de incertezas e faltas de entendimento político entre os três principais partidos que Ribeiro e Castro considera que "o disco, pelos vistos, continua. Ainda não se partiu. Ou, então, é mesmo isso: está partido", suportando desta forma a sua decisão de abandonar a banda parlamentar do CDS.