Num discurso, o político, apoiado pelo Partido Comunista Português (PCP), adiantou também como uma decisão previsível o eventual apoio do Partido Socialista a António José Seguro.
"Do ponto de vista das próprias mulheres, isto é gravíssimo. Porque as mulheres que por razões religiosas usem a burca em Portugal -- e muito pouca gente terá visto pessoas de burca no espaço público em Portugal-, essas pessoas sendo proibidas de sair à rua, vão ficar em casa. Portanto, a repressão sobre essas mulheres aumentará, em vez de diminuir", disse António Filipe.
A lei "é uma distração relativamente àquilo que são os problemas que preocupam de facto das pessoas", não sendo possível enxergar "uma preocupação social no país que leve a medidas desta natureza", afirmou, referindo-se à aprovação na generalidade do projeto de lei do Chega que visa proibir a utilização de burca em espaços públicos.
Para o candidato, "não compete ao Estado estar a definir o que as pessoas vestem ou deixam de vestir".
Apesar de ser contra este tipo de vestuário, António Filipe disse acreditar que a resolução da questão passa pela vertente pedagógica, e não pela lei ou da imposição de coimas, medidas que apenas agravam as consequências para as mulheres.
O candidato falava aos jornalistas à margem do debate presidencial organizado pelo Conselho Nacional de Estudantes de Direito, no âmbito do Encontro Nacional de Estudantes de Direito (ENED), em Coimbra.
Questionado sobre se o eventual apoio do PS a António José Seguro mudaria alguma coisa, António Filipe vincou que "absolutamente nada".
"Além desse acordo ser previsível, não é isso que me preocupa. Obviamente que eu me dirijo a todos os cidadãos, independentemente daquilo que foi o seu sentido de voto em anteriores eleições", sustentou.
António Filipe afirmou que a candidatura a Belém "vale por si, independentemente das outras candidaturas e dos apoios que as outras candidaturas possam recolher a nível partidário".
O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, propôs à Comissão Nacional o apoio do partido ao candidato presidencial António José Seguro, considerando que é quem representa o "campo do socialismo democrático" num "tempo especialmente exigente".
As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro de 2026.
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