As eleições autárquicas de domingo marcaram uma inversão na liderança autárquica nacional, com o PSD a ultrapassar o PS no número de câmaras conquistadas, num cenário que o presidente da ANA -PS considera fazer parte de um "ciclo político" que se repete ao longo das décadas.
"Eu acho que foi um bom desempenho. De 1976 a 1989, o PSD liderou os órgãos autárquicos. Em 1989, isso mudou e o PS assumiu a liderança da ANMP. Agora, o PSD ganha novamente, mas com uma margem muito curta", afirmou.
O PSD venceu no domingo 136 câmaras municipais, contra 128 do PS, invertendo os resultados de 2021, quando os socialistas conquistaram 149 autarquias e os sociais-democratas 114. O PSD assegurou ainda a presidência dos cinco municípios mais populosos do país.
Para o presidente da ANA - PS, o contexto político nacional teve influência nos resultados.
"Tivemos eleições legislativas há pouco tempo, há um estado de graça que obviamente tem influência a nível local", afirmou, acrescentando que "para quem previa grandes diferenças, os resultados foram equilibrados".
Sobre a perda de câmaras como Braga ou Sintra, o autarca destacou a margem reduzida com que o PS foi derrotado.
"O Porto foi por 1,5%, Braga por poucos votos. Às vezes é o 'dar ao ninho', um por cento para um lado ou para o outro pode fazer a diferença", disse.
Questionado sobre a ausência de coligações à esquerda, Pedro Ribeiro rejeitou que essa opção tivesse sido determinante para os resultados.
"O PS é um partido de centro-esquerda, progressista, que acredita na democracia, nos direitos e deveres, nos empresários, nos agricultores, em quem trabalha todos os dias. Não é um partido radical", afirmou.
"Pontualmente, podemos fazer algumas coligações específicas, mas a matriz ideológica do PCP e, sobretudo, do Bloco de Esquerda, não tem rigorosamente nada a ver com a do PS. Sempre foram antagónicas. Essas coligações são contra a natura", acrescentou.
Ainda assim, o autarca reconheceu que, em contextos locais, podem existir entendimentos com outras forças políticas, mas sublinhou que esses acordos "não são ideológicos, são pessoais".
"Trabalhei com autarcas do PCP e tenho, com aqueles que trabalhei, a melhor das opiniões. Seria capaz de fazer acordos, sim, mas pela questão pessoal, não política", frisou.
O responsável concluiu que os resultados das autárquicas devem ser lidos com "ponderação", tendo em conta a "conjuntura política e a tradição cíclica da alternância no poder local".
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