"Eu fiquei muito contente com o resultado das eleições autárquicas, até porque o meu partido, o PSD, teve um resultado muito bom. E, portanto, eu fico satisfeito", afirmou Pedro Passos Coelho em declarações aos jornalistas após ter discursado na apresentação do livro 'Introdução ao Liberalismo', de Miguel Morgado, em Lisboa.
Sobre o facto de Suzana Garcia, cuja candidatura Passos Coelho tinha apoiado, não ter conseguido ser eleita presidente da Câmara da Amadora, o ex-primeiro-ministro disse que "foi por uma unha negra".
"Eu espero que a candidata não desista porque, realmente, é uma força da natureza, é uma pessoa que, não direi sozinha, mas, enfim, com apoios muito limitados, fez um grande resultado e isso deve fazer pensar quem tem responsabilidades para pensar sobre isso", considerou.
Perante a insistência dos jornalistas para falar sobre outros temas, Passos Coelho disse que, sobre política, já tinha dito tudo o que tinha a dizer no discurso que fez na apresentação do livro de Miguel Morgado, antes de deixar uma garantia.
"Não me ouvirão tão cedo falar sobre coisa nenhuma", assegurou, depois de, desde 25 de setembro, ter feito cinco intervenções públicas.
No discurso que fez na sessão de apresentação do livro de Miguel Morgado, Pedro Passos Coelho acusou os governos do PS liderados por António Costa de não terem feito "uma reforma digna de jeito".
Foram "oito anos com uma conversa fiada a dizer às pessoas que elas iam ter imenso do que não tinham afinal. Claro, com o PCP e o BE a apoiar isso. É uma delícia. Mas com uma austeridade encapotada. Portanto, mentir às pessoas", acusou.
O ex-primeiro-ministro afirmou que, nesses anos de governação do PS, a "verdade não estava a ser dita" e considerou que isso se está a verificar agora quando se observa a "insuficiência dramática do investimento público" ou a situação no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Depois, acusando o PS de ter tido uma "política pública desqualificada" e ainda que tenha dito que não tencionava falar sobre os últimos de governação, Passos Coelho deixou uma advertência em termos de matéria económica.
"O senhor ministro das Finanças é um homem muito competente e, portanto, eu acredito que ele tenha as contas muito bem feitas e garanta que não vamos voltar aos défices públicos e à dívida pública e isso tudo. Mas a minha experiência de vida também mostra que há muita coisa que não depende do ministro das Finanças", referiu.
E, no que não depender do ministro das Finanças, prosseguiu Passos Coelho, "a coisa não está a encaminhar-se para o resultado" desejado.
"Deveríamos estar a preparar-nos para aliviar o passo do desendividamento da economia porque o que se está a passar em França [onde o Governo aceitou suspender o aumento da idade da reforma] não vai acabar bem. O pensamento mágico é uma coisa que tem uma duração limitada", advertiu.
Passos Coelho reconheceu que se pode argumentar que Portugal está melhor porque tem "um bocadinho menos do que 90% do rácio de dívida".
"Sim, mas ponham-lhe uma crise económica em cima, para quanto é que passa o rácio da dívida? Desde logo, o denominador encolhe, a despesa aumenta toda, para onde é que vai o rácio dívida? É muito rápido voltar a um rácio mais elevado", avisou.
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