O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, reeleito nas eleições autárquicas de domingo, considerou que o Chega teve uma "derrota estrondosa" nas urnas.
"Na realidade, o Chega foi esmagado nestas eleições", afirmou Isaltino Morais em entrevista à SIC Notícias, defendendo que o partido não pode dizer que teve um bom resultado, tendo em conta os objetivos que tinha determinados.
"Aquilo que o líder do Chega realmente dizia era que ia ter entre 15 a 30 câmaras. Eram 15 a 30. Agora têm três e cantam vitória?", questiona.
Isaltino Morais realçou ainda que "nunca" acreditou que o Chega pudesse vencer alguma autarquia, e confessou ter ficado "perplexo" com a "ousadia" de André Ventura em estabelecer esta meta para as eleições.
Admitiu que o Chega elegesse mais vereadores, tendo em conta a expressão de votos no partido nas legislativas, "mas presidências de câmara, tinha alguma dificuldade em admitir que isso acontecesse".
Recorde-se de que o Chega conseguiu eleger o presidente das câmaras de São Vicente, na Madeira, de Albufeira, no Algarve, e no Entroncamento, em Santarém. Em termos de resultados, alcançou pouco mais de 600 mil votos - uma diferença significativa dos 1,4 milhões que conseguiu nas legislativas.
Isaltino Morais comentou ainda as próximas eleições na agenda política: as Presidenciais.
"Toda a gente sabe qual é a minha opinião: eu apoio o almirante Gouveia e Melo", disse, acrescentando que está convencido "que o almirante Gouveia e Melo vai ganhar folgadamente estas eleições".
Já sobre a candidatura de André Ventura, Isaltino Morais desvalorizou o líder do Chega na corrida a Belém considerando que "quer ser tudo": desde primeiro-ministro, a representante das 308 autarquias, a Presidente da República.
"O objetivo dele não é esse", considerou. "O objetivo dele é ter tempo de antena, é a mediatização e, portanto, passar a sua mensagem de rutura", dizendo que o líder do Chega “não olha a meios para o fazer”.
"Ser candidato a Presidente da República é ter mais três meses todos os dias nas televisões", atirou. "Mas a realidade é que as autárquicas não lhe correram bem".
As declarações do autarca de Oeiras acontecem depois de uma troca de acusações entre os dois políticos ainda durante a campanha eleitoral, onde Isaltino Morais acusou Ventura de ser um "monstrinho que representa o pior do sistema".
O líder do Chega respondeu: "Eu sou um monstro. Eu sou o terror dos corruptos que nos andaram a roubar durante estes anos todos e que nos continuam a roubar", atacando diretamente o presidente de câmara que já foi condenado em 2009, e cumpriu sentença, por fraude fiscal e branqueamento de capitais.
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