Com 99,05% dos votos contabilizados e sem possibilidade de disputar as autarquias que ainda estão a ser apuradas, a CDU sai destas eleições autárquicas com apenas 12 municípios, confirmando o declínio a nível municipal que tem vindo a conhecer desde 2013.
Depois de uma campanha feita sob a tónica de que "quem conhece [o trabalho da CDU], confia", os resultados autárquicos desta noite acabaram por contrariar essa tese: das 19 câmaras que tinham conquistado em 2021, a coligação só conseguiu manter oito (Barrancos, Cuba, Arraiolos, Silves, Avis, Palmela, Seixal e Sesimbra).
Entre as 11 câmaras que a CDU perdeu (a maioria para o PS), estão as duas últimas capitais de distrito que detinha (Setúbal e Évora) e, particularmente doloroso para a coligação, a autarquia de Serpa, um bastião sempre gerido pelos comunistas desde 1976.
Dos seis bastiões com que disputou as eleições autárquicas de 2021, a CDU já só tem agora dois: Arraiolos e Avis.
Estas perdas levaram o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, a reconhecer que se trata de um "resultado negativo", que "condicionará negativamente" os interesses das populações locais.
Entre as razões que atribuiu para este resultado, está o facto de "haver uma maior dispersão das forças políticas", referindo-se em particular ao Chega, e o facto de haver 12 autarcas da CDU que não se puderam recandidatar por atingirem o limite de três mandatos consecutivos. Nessas 12 autarquias, a CDU acabou por ser derrotada em seis, mantendo as restantes.
No entanto, o secretário-geral do PCP destacou que os resultados das autárquicas também tiveram "elementos de resistência", como o facto de ter conquistado quatro novas autarquias, todas ao PS: Montemor-o-Novo, Mora, Aljustrel e Sines.
Mora e Montemor-o-Novo foram duas conquistas particularmente celebradas pela CDU, por se tratarem de duas autarquias que tinham sido sempre geridas pelos comunistas desde 1976, mas que tinham sido perdidas para o PS em 2021.
Paulo Raimundo pegou nestes exemplos para salientar que os resultados desta noite eleitoral desmentiram "os muitos vaticínios sobre o inevitável sentido de perda da CDU" e confirmaram "as reais possibilidades de avançar e reconquistar as autarquias" perdidas esta noite.
"Acho que, de uma vez por todas, acabou aquele mito de que havia uma perda irreversível, quer de votos, quer de maiorias autárquicas. Nós recuperámos, ganhámos quatro novas autarquias", afirmou.
Por outro lado, o secretário-geral do PCP destacou também que o resultado da CDU a nível nacional mostra "uma evolução da votação" quando comparado com o das eleições legislativas de maio - há cinco meses, a coligação tinha obtido 183 mil votos.
Agora, com 99,05% dos votos contados, a coligação tem quase 287 mil e consegue manter-se, em número de câmaras, como terceira força política a nível autárquico, quando é a sexta a nível parlamentar.
Ainda assim, quando comparado com o resultado das últimas eleições autárquicas, em 2021, verifica-se uma quebra eleitoral muito significativa para a coligação liderada pelo PCP: na altura, a CDU tinha tido 410 mil votos, contra os 287 mil atuais.
Apesar deste revés eleitoral, Paulo Raimundo recusou que o resultado possa indiciar que a CDU deixou de ter "estrada para andar" a nível local, fixando já o objetivo de recuperar, nas próximas autárquicas, as câmaras perdidas esta noite.
"O projeto da CDU, ao serviço das populações, vai ser interrompido. Vamos ter de recuperar rapidamente. Temos quatro anos pela frente para as recuperar", disse.
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