"Assumo inteiramente a responsabilidade por esta derrota. Quem lidera um projeto político, lidera esse projeto político retirando dessa liderança todas as consequências. Esta derrota é, em primeiro lugar, uma derrota pessoal e da minha escolha política", disse hoje aos jornalistas na sua sede de campanha, junto à rotunda da Boavista.
Questionado se partilhava a derrota com o atual secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, ou o antecessor Pedro Nuno Santos, com quem lançou a candidatura, o cabeça de lista socialista disse que "de maneira nenhuma" esse cenário se colocava.
"Quer Pedro Nuno Santos, que me indicou para candidato, quer José Luís Carneiro fizeram tudo o que estava ao seu alcance para apoiar esta candidatura. O Partido Socialista não pode ser responsabilizado por esta derrota, esta derrota é uma derrota da candidatura ao Porto, e a candidatura ao Porto é protagonizada por mim", vincou.
Estimando a derrota com uma diferença de menos dois mil votos, a margem "com menor diferença desde que há eleições no poder local democrático" no Porto, Pizarro disse ainda já ter felicitado "com respeito e tolerância democrática" o vencedor Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL), antecipando que a composição da câmara, que disse ter seis vereadores tanto do PS como da coligação PSD/CDS-PP/IL, "será um novo desafio".
Questionado sobre se está disposto a viabilizar a governação de Pedro Duarte, Manuel Pizarro disse que "para já não está nada disso em debate", não sabendo o que irá "viabilizar", pois "não há nenhuma proposta para tratar".
Perante a insistência dos jornalistas, admitiu "dialogar, desde logo porque o executivo municipal é um órgão colegial", mas "as pessoas escolheram uma equipa para governar e uma equipa para estar na oposição".
"Nós não vamos ser, na câmara, uma força de bloqueio. Mas também não vamos prescindir das nossas ideias, nem vamos faltar ao respeito às dezenas de milhares de portuenses que votaram nas nossas ideias para a cidade", vincou.
Já questionado sobre a eventualidade de fazer acordos pontuais com Pedro Duarte, disse que "muitas dessas perguntas são melhor dirigidas ao futuro presidente da Câmara do Porto", admitindo "avaliar caso a caso", mas rejeitando "um compromisso abstrato seja para o que for, seja em que condições for", aguardando por "propostas concretas e medidas concretas".
Sobre se uma eventual frente de esquerda lhe teria dado a vitória nas eleições, Pizarro disse que "ficará sempre por se saber se esses votos", eventualmente ganhos "numa qualquer coligação de esquerda não teriam sido perdidos noutros setores da sociedade portuense", pelo que disse que "não é possível" com os dados de hoje "responder com seriedade a essa pergunta".
"Com total sinceridade, acho que fizemos o que estava ao nosso alcance e o que tínhamos obrigação de fazer, fizemo-lo dialogando com as pessoas do Porto, com as instituições do Porto, constituindo uma equipa de elevadíssima qualidade e fazendo uma campanha eleitoral entusiasmante e muito participada. Os resultados são o que são, são a escolha democrática das pessoas do Porto", apontou.
Reiterando que vai ocupar o seu lugar de vereador, disse que o seu futuro passa, de momento, em apresentar-se "amanhã [hoje, segunda-feira] no Hospital de São João" para retomar a sua atividade profissional "porque é assim que deve ser".
[Notícia atualizada às 01h25]
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