No discurso de reação aos resultados das eleições autárquicas, após a garantia da presidência de três municípios, o presidente do Chega afirmou que "esta foi uma noite boa", uma vez que o partido "conseguiu implantar-se" a nível autárquico e "tornar-se um partido de responsabilidade autárquica".
André Ventura reconheceu que não foi "a vitória e a amplitude de vitória" que esperava e que queria ter conseguido um número maior de autarquias.
"Eu sempre disse que não há partidos de poder sem serem partidos autárquicos. Hoje demos esse primeiro passo, mas ainda estamos longe dos objetivos a que nos tínhamos proposto. Este partido já não luta para ficar em segundo nem em terceiro, este partido luta para vencer. Hoje não vencemos, mas vamos lutar para vencer", admitiu, assumindo a responsabilidade pelo resultado.
Ao longo da campanha, o presidente do Chega traçou como objetivo conseguir a presidência de câmaras, mas concretizar um número, e ter um resultado próximo do das legislativas em número de votos.
"O compromisso que eu deixo com os portugueses, com os eleitores do Chega, com os militantes do Chega, é de que vamos trabalhar para que estas grandes vitórias nacionais que temos tido se traduzam nas próximas eleições autárquicas em mais câmaras municipais, em mais deputados à assembleia municipal e em mais deputados de freguesia para transformarmos o país como ele precisa de ser transformado", afirmou.
André Ventura disse que o Chega elegeu "centenas de autarcas" para câmaras municipais, assembleias municipais e freguesias.
"O país ficou hoje mapeado com as cores do Chega", afirmou, considerando que o partido "terá agora a responsabilidade e a oportunidade de mostrar em muitas autarquias no país onde governa ou onde será uma força fundamental para o desempate e para o desbloqueio de maiorias na gestão dos assuntos fundamentais da gestão autárquica".
O líder do Chega considerou que "o bipartidarismo estava morto" desde as eleições legislativas de maio e esta noite "ressuscitou por pouco tempo".
"Às vezes em política é assim, as batalhas não se vencem logo e as guerras demoram até se vencer. Nós estamos num caminho de destruição do bipartidarismo corrupto que Portugal tem. Ainda não conseguimos destruí-lo completamente nestas autárquicas por vícios que o sistema autárquico transporta dentro de si próprio e por vícios que o sistema político transporta dentro de si próprio", sustentou.
André Ventura afirmou que aquilo que o Chega não conseguiu "fazer hoje de destruição e de remodelação do bipartidarismo" tem de fazer nas eleições presidenciais de janeiro.
"Hoje talvez não tenha sido o alcance de todos os objetivos que esperávamos, mas é o início de um caminho que culminará no 18 de janeiro com o enterro final do bipartidarismo em Portugal", defendeu, mostrando-se convicto de que vai "ganhar a primeira volta das presidenciais".
Em declarações aos jornalistas depois do discurso, Ventura foi questionado sobre o resultado em Sintra, em que a deputada Rita Matias ficou em terceiro, e considerou que foi "um grande resultado".
Sobre as razões que justificam o resultado do Chega face ao das legislativas, considerou que "isso tem a ver com as escolhas que as pessoas em cada terra fazem e também com o contexto político e com as dinâmicas próprias das eleições autárquicas".
Questionado também sobre ter dito que seria impensável conseguir menos presidências de câmara do que CDU ou CDS, o que até agora se verifica, o líder do Chega destacou a diferença de votos e mandatos, e recusou falar em derrota.
No final discurso, André Ventura anunciou que vai dirigir-se ao Entroncamento, um dos municípios onde o partido venceu.
A Lusa pediu um comentário do candidato do Chega à presidência da câmara de Lisboa sobre os resultados da capital, mas Bruno Mascarenhas remeteu para mais tarde, quando o apuramento estiver fechado.
[Notícia atualizada às 01h39]
Leia Também: AO MINUTO: Moedas vence em Lisboa; Pedro Duarte é o novo autarca do Porto