"Consideramos que os resultados são positivos, embora moderadamente positivos. Como se lembram, o Livre queria entre triplicar ou quintuplicar os seus eleitos. Está em linha para o primeiro desses objetivos, que é, evidentemente, na fronteira mais baixa daquilo que pretendíamos obter", considerou Rui Tavares.
O líder do Livre falava no Teatro Thalia, em Lisboa, local escolhido pelo partido para acompanhar os resultados da noite eleitoral das autárquicas.
Tavares destacou que o Livre apoiou a candidatura vitoriosa da socialista Ana Abrunhosa para a Câmara Municipal de Coimbra, numa coligação na qual o partido se juntou a PS e PAN, e afirmou que tudo indica que conseguirá eleger uma vereadora, Clara Cruz Santos.
Já em Lisboa e Sintra, duas grandes apostas do partido, Tavares reconheceu que o objetivo de vencer não foi atingido, mas saudou os candidatos e considerou que o Livre deu o seu contributo, seja para impedir que Carlos Moedas fosse eleito, ou para conter o crescimento da extrema-direita na autarquia sintrense.
Apesar de os resultados oficiais ainda não darem a triplicação dos eleitos do Livre no momento em que falava - ou seja, 24 - Tavares antecipou que o partido irá atingir esse objetivo e passar a ter "uma rede de autarcas livres".
"E isso para nós é um ativo muito valioso", acrescentou.
O deputado considerou que o objetivo do partido de uma maior implantação autárquica "está a ser cumprido" e fez um balanço positivo das coligações à esquerda estabelecidas nestas eleições (de um total de 49 candidaturas, o Livre integrou 25 coligações).
Tavares salientou que estas autárquicas mostraram que "a convergência beneficia todos" e quando elas não existem isso "prejudica toda a gente".
"Onde as convergências não foram suficientes para ganhar, elas poderiam ter sido mais alargadas e a responsabilidade política de não se ter podido conquistar essas câmaras para o campo progressista é muito de quem escolheu táticas que são táticas mais individuais e partidárias", criticou.
Interrogado sobre se aplicava esta lógica a Lisboa, depois de ter criticado por diversas vezes a CDU (coligação PCP e Partido Ecologista "Os Verdes") por não ter integrado a candidatura de apoio à socialista Alexandra Leitão, Tavares respondeu que "o que ajuda Carlos Moedas a continuar na Câmara, é uma divisão à esquerda", mesmo que este quadrante político eleja mais vereadores, e que "não foi por falta de aviso" do seu partido.
No que toca ao Livre, Tavares falou numa noite de "algumas vitórias em nome individual" e deu "as boas-vindas a uma geração de novos autarcas" do partido, que quer "alargar protagonismos".
"Nós queremos muito nos próximos anos formar lideranças jovens e lideranças locais", afirmou.
Tavares manteve a ambição de transformar o Livre num "partido autárquico", à semelhança de forças da sua família política europeia, e distanciou-se "de outras experiências de partidos à esquerda, que não valorizavam tanto, não só a implantação autárquica, como a questão da governação e de quererem governar".
"O Livre não é um partido que se queira acantonar nem no protesto nem na mera oposição. Quer ganhar câmaras, quer governar, quer voltar a dar aos progressistas e ecologistas em Portugal um horizonte de vitória e quer mobilizar as pessoas com candidaturas ganhadoras", afirmou.
[Notícia atualizada às 00h50]
Leia Também: AO MINUTO: Lisboa e Porto (ainda) sem decisões; "O PS voltou"