Em declarações à agência Lusa à margem de um comício em Alpiarça, distrito de Santarém, Paulo Raimundo não se quis pronunciar sobre o caso da Spinumviva do ponto de vista formal e judicial, considerando que isso "compete a quem de direito tratar dessa questão", mas salientou que há um comentário a fazer do ponto de vista político.
"É que nós alertámos na altura que o que o primeiro-ministro devia ter feito, quando isto foi surgindo, era ter-se demitido. Achou que isso não era solução, forçou eleições e arrastou este problema para a frente", criticou.
Paulo Raimundo recordou que, no debate televisivo que teve com Luís Montenegro durante a campanha para as legislativas, avisou-o que "o desfecho do resultado eleitoral não ia resolver, nem limpar o problema" ligado "às suas empresas e aos seus negócios".
"Aí está. É uma matéria que vai continuar, infelizmente por muito tempo. E nós não devíamos ter sido empurrados para esta situação, o povo português não devia ter sido empurrado para esta situação", afirmou.
Questionado sobre como viu as palavras de Luís Montenegro, que disse ter ficado "estupefacto e revoltado" com o teor das notícias hoje divulgadas sobre o caso Spinumviva, Paulo Raimundo disse compreender a sua "indignação".
"Mas, estava na cara, eu próprio alertei-o para isso, confrontei-o com isso. Até achei estranho isso não ter aparecido mais na campanha eleitoral, mas pronto, cada um assume as suas responsabilidades. Alertei-o no plano judicial e no plano político. Aí estamos confrontados com isso", disse.
O primeiro-ministro afirmou hoje estar "estupefacto e revoltado" com o teor das notícias hoje divulgadas sobre o caso Spinumviva e falou mesmo "em pouca vergonha", dizendo aguardar a "análise e o juízo do Ministério Público".
A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu hoje que a averiguação preventiva relacionada com a empresa Spinumviva está em curso e o Ministério Público aguarda ainda documentação, pelo que a averiguação continua.
"Não há, assim, neste momento, qualquer convicção formada que permita encerrar a referida averiguação preventiva nem nada foi proposto ao Procurador-Geral da República neste domínio", refere um comunicado da PGR.
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