Fazendo um balanço da sua visita ao Rio de Janeiro e a São Paulo, o candidato presidencial disse à Lusa que a sua candidatura provoca "reações estranhas e verdadeiramente antidemocráticas" através de críticas pelo facto de ter tido uma carreira militar e de ser independente e de não ter tido uma carreira política.
De acordo com Gouveia e Melo, as críticas à sua campanha têm-se centrado nestes temas, que considera demagógicos.
"Um dos temas é que eu, como militar, não devia estar na política", disse.
O outro, além da preparação política, é de que supostamente vai fazer "a translação de coisas más que existem dos militares para a política".
"É desinformação, é propagar a desinformação, propagar uma ideia e um medo que não existe, principalmente militares que foram criados já no processo democrático com juramento à própria Constituição", frisou, considerando que tais argumentos significam "a existência de uma casta política que é dona da democracia".
"Uma casta política que é dona da democracia não é democracia, é uma oligarquia. E essa oligarquia é uma oligarquia perigosa, é uma oligarquia que tomou conta do sistema e se está a transformar" numa "oligarquia de compadrio que "começa a defender os interesses de pequenos grupos", denunciou Gouveia e Melo.
Na sua opinião, pelo facto e ser independente, moderado, do centro e que ambiciona fortalecer a democracia, devia ser acolhido "pelo sistema democrático" e não considerado "uma ameaça às oligarquias".
"E o que eu vejo é que há uma oligarquia que, pelos vestidos na brincadeira, é constituída em ordem. Há uma ordem e que eu tenho que ir à ordem fazer um exame se posso ou não ser político", disse.
O candidato presidencial deixou ainda críticas a Luís Marques Mendes, um dos seus adversários nas eleições.
"Certamente, o bastonário dessa ordem deve ser o doutor Marques Mendes que é a pessoa que mais fala sobre o exame na barra da ordem para passar a ser político", criticou, considerando que tal postura demonstra "uma falta de espírito verdadeiramente democrático de tentar condicionar as pessoas, não com propostas, mas com ideias verdadeiramente populistas no sentido em que são demagógicas, não correspondem à verdade e jogam com os medos das pessoas".
Gouveia e Melo vai ter como principiais adversários nas eleições presidenciais de janeiro de 2026 o ex-líder do PSD Luís Marques Mendes, o presidente do Chega, André Ventura, o eurodeputado da IL João Cotrim de Figueiredo, o ex-líder socialista António José Seguro, o histórico deputado comunista António Filipe e a anterior coordenadora nacional do BE Catarina Martins.
Henrique Gouveia e Melo iniciou a sua agenda no Brasil no sábado, no Rio de Janeiro, com uma visita ao Mercado Municipal, seguida de uma visita ao Clube de Regatas Vasco da Gama, no Estádio de São Januário. À noite, participou no jantar comemorativo dos 114 anos da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro.
Ainda no Rio de Janeiro, no domingo, visitou o Real Gabinete Português de Leitura e, mais tarde, participou num encontro com a comunidade portuguesa, no Auditório do Porto Maravalley.
A agenda prosseguiu em São Paulo, na segunda-feira, com uma visita à Escola Estadual Caetano Campos e, à noite, com um encontro com a comunidade portuguesa, na Casa de Portugal.
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