"É verdade que não costumo pedir demissões de ministros, isso não faz parte do estilo do Livre sequer, mas também é verdade que temos de reconhecer se os ministros vão tendo condições para continuar ou não continuar. E a ministra da Saúde já tinha poucas, cada vez vai tendo menos", defendeu Rui Tavares.
O deputado do Livre falava à margem de uma ação de campanha para as eleições de domingo, em Barcelos, distrito de Braga, depois de na segunda-feira ter sido noticiado pela RTP que um bebé nasceu, no sábado, na receção da urgência do Hospital Santos Silva, na segunda vez que a mãe se deslocou a este serviço.
Tavares, que esteve em Vila Nova de Gaia na segunda-feira, lembrou que o partido esteve também em campanha naquele concelho nas legislativas, em maio, e na altura reuniu-se com a direção do hospital.
"O Hospital de Gaia presta um serviço extraordinário, mas a uma região demasiado larga, porque tem todo o sul do distrito do Porto e tem o norte do distrito de Aveiro", alertou.
Rui Tavares disse estar a acompanhar "com muita preocupação" o que se passou, acrescentando que há dados a confirmar.
"Nós queremos um Serviço Nacional de Saúde e uma administração pública que seja sempre inclusiva e que trate toda a gente com a dignidade que as pessoas merecem, portanto, vamos acompanhar este caso com muita atenção", acrescentou.
O caso foi noticiado pela RTP que avança que o pai da criança já apresentou queixa a várias entidades, porque o bebé terá caído de cabeça no momento da expulsão, enquanto a mãe fazia a admissão.
À Lusa, a administração da Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho (ULSGE) rejeita que a grávida não tenha recebido assistência, descrevendo que, "num primeiro momento, foi assistida na sala de emergência", um espaço "contíguo à área de receção constituído por médico e enfermeiros".
"Mãe e recém-nascido já tiveram alta", acrescenta.
A ULS admite que a grávida recorreu ao serviço de urgência do Santos Silva pelas 16:30, tendo sido feito um CTG (cardiotografia, exame que monitoriza a frequência cardíaca fetal e as contrações uterinas da mãe) "onde se verificou que a utente não se encontrava em fase ativa de trabalho de parto, não sendo previsível uma alteração do quadro tão súbita".
"Considerando a curta distância entre a residência e o hospital, menos de 10 minutos, e de acordo com as recomendações da Especialidade de Obstetrícia, aplicámos o procedimento habitual: indicação de regresso a casa, com retorno à urgência em caso de alterações no quadro clínico", refere a ULSGE.
Segundo o hospital, às 19h59, quando regressou, "durante admissão, procedimento administrativo cuja duração é de três minutos, deu-se o parto, sendo que a grávida foi pronta e instantaneamente assistida pela equipa de emergência", conclui.
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