"Em Paris, na última década, foram construídas 100 mil casas, 10 mil casas por ano de habitação pública para que os jovens e as famílias de classe média de Paris possam continuar a viver em Paris. Talvez a minha ambição de 5.000 casas no próximo mandato não seja assim tão excessiva", ironizou Manuel Pizarro após uma visita ao Palácio da Bolsa com Anne Hidalgo.
O candidato às eleições de 12 de outubro assumiu que há outra área onde se quer inspirar em Paris, no caso a ambiental.
"A transformação de ruas em espaços onde as pessoas possam viver, conviver, brincar, onde haja mais árvores, mais jardins, uma cidade mais confortável. Paris também nos pode ensinar muito nessa matéria", afirmou.
Na mobilidade, Manuel Pizarro defende "uma mudança de forma gradual", mas quer já começar a mudar a Rua Costa Cabral.
"No troço entre o Marquês e os Combatentes, vamos fazer com que seja de sentido único. Os autocarros que vêm para o Porto virarão à esquerda na Rua da Alegria, com o corredor Bus, depois usarão o corredor Bus que já existe na Rua da Constituição, e com isso vamos triplicar os passeios, plantar árvores, tornar uma zona aprazível aquilo que é hoje uma rua urbana horrível e insegura", afirmou.
Pizarro quer ainda humanizar as ruas em redor das escolas, muitas vezes condicionadas com o trânsito automóvel, referindo que "o que se fez em Paris é extraordinário".
"Em 300 das 600 escolas públicas de Paris a rua já está fechada ao trânsito. Nós não vamos poder, seguramente, fazer tudo e muito menos tudo ao mesmo tempo, mas tenho a certeza que todos os portuenses ficarão muito contentes por saberem que as suas crianças estão protegidas dos riscos do tráfego automóvel com ruas onde o tráfego não existe, é mais calmo, mas isso tem de ser feito caso a caso, estudando as alternativas e soluções", rejeitando "medidas que causem mais confusão".
Já a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, que governa a cidade desde 2014 e implementou mudanças na habitação e mobilidade da cidade, em que a bicicleta ganhou lugar de destaque e já supera as deslocações em automóvel, lembrou que "a questão da habitação é crucial no Porto como em Paris ou noutras grandes cidades".
"As orientações são claras: é permitir à classe média, às pessoas que trabalham, que vivam nas nossas cidades e penso que no programa do Manuel há já bastantes soluções", disse a também socialista.
Sobre as mudanças na mobilidade, Anne Hidalgo frisou que "a participação cidadã, a democracia local, o facto de os cidadãos participarem em todos os planeamentos da cidade e nas soluções é crucial", vincando que para se ter sucesso é preciso "não ir contra as pessoas", mas sim fazer as coisas "com elas".
"Foi complicado em Paris, porque é verdade que no meu primeiro mandato, quase há 12 anos, foram ideias que podiam parecer um pouco surpreendentes para uma cidade que estava organizada unicamente à volta do carro. Foi difícil ao início, mas entretanto fui apoiada pelos habitantes, fui reeleita, e depois pudemos fazer a demonstração, nos últimos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em 2024, que finalmente é uma cidade mais respeitosa do seu ambiente, dos seus habitantes, é também mais atrativa do ponto de vista económico", vincou.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto - independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
Leia Também: Montenegro reforça "prioridade" à segurança e regulação da imigração
