Paulo Raimundo fez esta acusação durante uma arruada em Moura, a vila onde tinha prometido aos jornalistas que iria falar sobre André Ventura , por ser neste concelho que o líder do Chega se candidatou nas últimas eleições autárquicas e, após eleito, faltou a 30 reuniões da Assembleia Municipal.
O secretário-geral do PCP frisou que André Ventura está "em todos os cartazes por esse país fora" e, na prática, "apresenta-se como candidato em todos lugares", mas, na "única vez que foi eleito como candidato autárquico", entendeu que "a melhor coisa que tinha a fazer era rasgar todos os compromissos com a população e faltar a 30 reuniões da Assembleia Municipal".
"Acho que está tudo dito, independentemente dos resultados, está tudo dito face à forma como se olha e como se respeita o compromisso com as populações", disse.
Questionado se teme que Ventura possa conquistar 'bastiões' da CDU, designadamente no Alentejo, Paulo Raimundo respondeu: "O que eu acho que o André Ventura conquistou -- se me permite uma expressão um bocadinho à André Ventura --, foi falta de vergonha".
"Porque o que conquistou foi 30 faltas aqui em Moura às assembleias municipais, que faltou, depois de ter sido eleito", afirmou, reiterando que, apesar de André Ventura figurar nos cartazes dos candidatos autárquicos do Chega, "não é candidato em lado nenhum".
"A única vez que foi candidato [autárquico] foi aqui em Moura há quatro anos. Foi eleito para a Assembleia Municipal e faltou 30 vezes", reiterou.
Sobre como é que se pode travar o crescimento do Chega em regiões como o Alentejo ou o Algarve, Paulo Raimundo defendeu que "não há nada para travar e deixar de travar", reiterando que Moura é um "exemplo exemplar" de quem faz o contrário do que diz.
"Acho que revela bem o desprezo e a forma como [André Ventura] trata aqueles que votaram nele, que confiaram nele", frisou.
Interrogado sobre o que é que explica que o Chega tenha ficado, nas últimas legislativas, em primeiro lugar em muitos concelhos atualmente geridos pela CDU, como Sesimbra, Monforte ou Viana do Alentejo, Paulo Raimundo distinguiu a natureza das eleições legislativas da das autárquicas.
"Não há nenhuma relação entre eleições legislativas.... Os motivos das pessoas são muito diferentes nas eleições autárquicas", referiu, dando o exemplo do resultado da CDU em Moura nas últimas eleições autárquicas (38,97%) e nas legislativas (11,36%).
O secretário-geral do PCP disse não ter "dúvida nenhuma" de que há cidadãos que optaram por votar no Chega nas últimas eleições legislativas que, nas autárquicas de 12 de outubro, irão votar na CDU.
"Porque nos conhecem, conhece os nossos candidatos, conhece o nosso trabalho e, portanto, optando, vai optar por aquilo que conhece", considerou.
Paulo Raimundo disse não estar preocupado se, a nível global, o Chega terá um resultado melhor do que a CDU nas autárquicas e, questionado se ficar atrás daquele partido em algumas autarquias teria um sabor a derrota, o secretário-geral do PCP deixou um desafio.
"Se me disser uma em que isso está em disputa, eu faço uma aposta consigo", referiu.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda confrontado com as declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que afirmou hoje que, relativamente à aterragem de aviões norte-americanos na Base das Lajes em abril com destino a Israel, houve um "erro operacional". Paulo Raimundo respondeu com ironia.
"Acho que foi um erro no cálculo de combustível. Se tivesse havido combustível suficiente, não tinham aterrado nas Lajes. Acho que foi mais um erro no cálculo do combustível do que um erro processual", disse.
[Notícia atualizada às 19h48]
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