"Isto tudo vai ter que ser bem explicado, deveria ser explicado o quanto antes, mas se o Governo não o quer explicar certamente no parlamento vai servir para extrair a verdade e as necessárias consequências políticas", defendeu Rui Tavares, à margem de uma iniciativa de campanha para as eleições autárquicas de dia 12, em Aveiro.
Na ótica de Rui Tavares, Luís Montenegro "não pode simplesmente varrer isto para debaixo do tapete e continuar como se nada fosse", depois de ter sido noticiado que três aeronaves norte-americanas fizeram uma escala na base açoriana das Lajes com destino a Israel.
Esta escala terá sido feita sem comunicação prévia ao chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, uma "falha de procedimento" cujas responsabilidades o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) quer apurar.
Hoje, o primeiro-ministro lamentou que tenha havido "um erro processual", mas recusou qualquer demissão no executivo por esta razão.
"Não se pode lidar com uma questão de armas para a continuação daquilo a que muitas organizações internacionais já chamam de genocídio como a passagem de outro tipo de material por território português", defendeu Rui Tavares, que considera que está em causa uma "história muito mal contada".
Para o Livre, "interessa agora pouco saber se foi Nuno Melo que falhou com Paulo Rangel ou Paulo Rangel que falhou com Nuno Melo, ou se foram ambos que falharam um com o outro".
"Mas o Governo falhou para com os portugueses ao deixar que aviões que são caça F-35, extremamente letais, passassem por território português a caminho do exercito de Israel, já durante esta ofensiva absolutamente brutal sobre Gaza, e depois de terem sido rejeitados por Espanha", salientou.
O deputado do Livre disse já ter ouvido Paulo Rangel dizer várias vezes "que, ao contrário do que se passava com Espanha", Portugal tem um embargo de armas com Israel, e "é preciso perceber desde quando é que é esse embargo e se Paulo Rangel considera que ele foi violado ou não".
Tavares salientou que não tem por hábito pedir demissões de ministros, mas voltou a questionar se os dois governantes têm condições para continuar após este episódio.
Para o porta-voz do Livre também é necessário saber porque é que a situação não foi conhecida na altura, em abril, "ou seja, antes das eleições de 18 de maio".
"Porque isso teria sido importante para que os portugueses pudessem julgar os partidos que se apresentavam em eleições, nomeadamente os do Governo, pela forma negligente com que gerem assuntos que são assuntos de vida ou de morte", salientou.
[Notícia atualizada às 19h05]
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