Sem querer criticar outros partidos, nomeadamente a CDU (PCP e PEV), que recusou integrar a coligação 'Viver Lisboa', nem "embarcar num discurso de voto útil", Rui Tavares realçou que o Livre não quer é acordar no dia 13 "a pensar: 'caramba, mais quatro anos de Carlos Moedas, mais quatro anos de descuido, de descaso, mais quatro anos com mais 'TikTok' do que buracos tapados na cidade, ou então buracos a serem feitos de novo para pôr, se calhar, mais uns monos e uns trambolhos a fazer a autoglorificação de Carlos Moedas'".
Carlos Moedas preside à Câmara de Lisboa desde as eleições de setembro de 2021 e recandidata-se ao cargo, encabeçando a lista da coligação "Por ti, Lisboa" (PSD/CDS-PP/IL).
"Nós precisamos de uma presidente de câmara que goste mais de Lisboa do que da sua carreira política, que goste mais da cidade do que da sua imagem pública, que goste mais de estar no gabinete a resolver os problemas da cidade do que a fazer uns 'TikToks' engraçados para conseguir mais uns 'cliques'", distinguiu.
Antes, a socialista Alexandra Leitão, cabeça de lista da coligação 'Viver Lisboa', já sublinhara que nas eleições para a câmara municipal "não é possível haver acordos pós-eleitorais", o que "significa que quem ganhar, nem que seja por um, é presidente da câmara".
Ou seja, explicou, "os outros vereadores fazem parte do executivo, mas quem na verdade tem o poder e determina o destino da cidade é o presidente da câmara".
Ora, a acreditar nas sondagens, "só há duas pessoas que podem ser presidentes de câmara" e, "portanto, todos os votos contam", sublinhou, sem apelar ao voto útil, mas afirmando que "as pessoas têm que saber como é que funciona o sistema eleitoral e quais são as consequências do seu voto".
Questionada sobre, na hipótese de ser eleita, vir a atribuir pelouros a João Ferreira, candidato da CDU (colocado em 4.º lugar na sondagens), respondeu: "Não tenho nenhum problema em ter uma conversa com o Partido Comunista."
Os parceiros da coligação decidiram apanhar "o comboio da responsabilidade", disse Rui Tavares, admitindo que, "depois das eleições haverá uma nova estação", que poderá incluir outros partidos.
"Mas, atenção, isso só pode acontecer se, precisamente, tivermos a presidência da câmara", reforçou.
"Cada voto conta e podemos dar a volta a isto", insistiu, dizendo que é preciso "olhar Lisboa nos olhos, pegar Lisboa na mão" e perguntar: "Lisboa, tens-te sentido bem tratada? Tens-te sentido bem cuidada? Tens sido feliz nestes últimos quatro anos? Se não, parte para outra. Parte para quem cuida bem de ti".
Recordando que a coligação 'Viver Lisboa' integra vários vereadores "que combateram ativamente Carlos Moedas" nos últimos quatro anos, Rui Tavares lamentou que tenha sido implementado "zero" do plano para a requalificação da Avenida de Ceuta, em Alcântara, aprovado com os votos e "elogios" da liderança do executivo municipal.
"A única coisa que a gente viu mudar nesta cidade foi serem instalados monos, trambolhos da JCDecaux pela cidade toda com propaganda à câmara, uma parte dela enganosa, durante quatro anos", criticou, comparando a Lisboa de Carlos Moedas com a capital síria, Damasco, no tempo de Bachar al-Assad, "um cartaz do poder do regime em todo o lado".
Os parceiros da coligação 'Viver Lisboa' querem "uma cidade de progresso, ecológica, humanista, harmoniosa, que cuida das pessoas, que cuida de si mesma, em primeiro lugar, antes de pensar em fazer bonitos para o Tribeca, para a Web Summit, para a fábrica de unicórnios", assegurou.
Entretanto, Alexandra Leitão vai "continuar" a fazer o que já vem fazendo "há muitos meses, que é falar com as pessoas", ir "para a rua, quer para ouvir as suas dificuldades e problemas e as queixas, quer também para fazer passar" as propostas da coligação.
Criticando o atual presidente e recandidato por optar "por salas fechadas", hoje a candidata da coligação ouviu, na Quinta do Cabrinha, que já visitou antes "várias vezes", mais críticas sobre o estado dos elevadores nas habitações municipais.
Por ali, onde o tráfico e o consumo de droga correm a céu aberto, Alexandra Leitão disse que se tratam de "zonas que precisam de muita atenção" e de uma "requalificação grande".
Além de Alexandra Leitão, Carlos Moedas e João Ferreira concorrem à Câmara de Lisboa nas eleições de dia 12 Bruno Mascarenhas (Chega), Ossanda Líber (Nova Direita), José Almeida (Volt), Adelaide Ferreira (ADN), Tomaz Ponce Dentinho (PPM/PTP) e Luís Mendes (RIR).
Atualmente, o executivo municipal integra sete eleitos da coligação "Novos Tempos" - PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, sete eleitos da coligação "Mais Lisboa" - PS/Livre, dois da CDU e um do BE.
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