"Em primeiro lugar, é algo que mudou a cidade para sempre. É algo que me mudou também a mim para sempre. Eu irei até ao final de todas as consequências para descobrir o que se passou. O relatório preliminar é muito claro, são causas técnicas, e, portanto, temos de apurá-las, mas temos de esperar por aquilo que é o resultado da investigação", afirmou Carlos Moedas, à margem de uma ação de campanha para eleições autárquicas de 12 de outubro.
O descarrilamento do elevador da Glória, sob gestão da empresa municipal Carris, ocorreu no dia 03 setembro e provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
Na sequência do acidente, Carlos Moedas defendeu que "seria uma cobardia" demitir-se, enquanto a candidata Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN) defendeu esclarecimentos "com serenidade".
No meio de uma arruada entre o Campo Pequeno e o Saldanha, que contou com a presença da presidente da IL, Mariana Leitão, o candidato da coligação "Por ti, Lisboa", que junta PSD, CDS-PP e IL, respondeu a questões dos jornalistas sobre a tragédia do elevador da Glória, no dia em que se assinala um mês do acidente, sobre o qual as causas ainda estão por apurar.
Questionado sobre queixas de falta de contacto com sobreviventes do acidente e familiares das vítimas, Carlos Moedas assegurou: "Eu contactei todas as famílias das pessoas que, infelizmente, já cá não estão. A minha equipa esteve com todas as pessoas, todas estão a ter o apoio total".
O social-democrata disse ainda que os familiares das vítimas "sabem que podem e serão sempre recebidos", porque "têm a porta aberta" por parte da Câmara Municipal de Lisboa, explicando que "a primeira prioridade" foi com as famílias de quem morreu no acidente com o elevador da Glória.
"Tive, realmente, um cuidado especial com todas as famílias que perderam os seus entes queridos. Essas foram realmente a primeira prioridade. Foi com elas que falei desde o primeiro dia. Continuo a falar com todas as famílias e elas sabem que têm o meu carinho, o nosso apoio", assegurou o autarca do PSD, reforçando que a Câmara Municipal de Lisboa está disponível para ajudar os familiares das vítimas sempre que precisem.
O acidente com o elevador da Glória foi abordado em duas reuniões extraordinárias da Câmara Municipal de Lisboa, em 08 e 16 de setembro, e prevê-se agora uma nova discussão em 13 de outubro, dia seguinte às eleições autárquicas, por decisão de Carlos Moedas, "para não partidarizar um tema que deve merecer todos os esclarecimentos técnicos".
Na quinta-feira, a empresa municipal Carris assegurou ter desencadeado medidas de apoio às vítimas do descarrilamento do elevador da Glória e reforçou que está a colaborar com as entidades que investigam o acidente.
Em comunicado, a Carris referiu que a prioridade, "desde o primeiro momento, foi prestar todo o apoio às vítimas e seus familiares, através do seu Gabinete de Apoio Social e em estreita articulação com a Câmara Municipal de Lisboa e com a seguradora Fidelidade".
Entre as medidas adotadas, a empresa destacou o acompanhamento psicológico e apoio material à família do guarda-freio André Marques, incluindo as despesas do funeral e a atribuição de uma bolsa escolar aos filhos, bem como o apoio a outros trabalhadores envolvidos.
A seguradora da Carris assegurou também a trasladação e serviços fúnebres de seis vítimas estrangeiras e está a reembolsar as famílias de outras cinco.
No caso das cinco vítimas mortais portuguesas, os processos decorrem ao abrigo da legislação de acidentes de trabalho.
Relativamente aos feridos graves, de várias nacionalidades, foi organizado o repatriamento para hospitais nos respetivos países, com acompanhamento médico e apoio psicológico garantidos pela seguradora.
Já os feridos ligeiros têm mantido contacto com a seguradora para acompanhamento das lesões e identificação de necessidades, informa a empresa de transportes.
Paralelamente, a Carris disse estar a colaborar com os inquéritos em curso do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) e do Ministério Público, tendo também iniciado um inquérito interno e uma auditoria externa independente.
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