"Este povo não desiste da SATA pública. Não desiste da SATA pública e não permite uma outra coisa: que os trabalhadores da SATA sejam enxovalhados e responsabilizados por uma coisa cuja única responsabilidade é do poder político e das comissões de serviços que lá estiveram e que estão à frente da SATA", afirmou.
O líder comunista falava no auditório da secretaria regional das Finanças, em Ponta Delgada, na apresentação de candidatos autárquicos.
Numa altura em que a privatização da Azores Airlines, que pertence ao grupo SATA, está a ser negociada, Paulo Raimundo insistiu na necessidade de a transportadora açoriana continuar a ser pública.
"Os trabalhadores não só não são responsáveis, como são os principais interessados em salvar a SATA porque só uma SATA pública está em condições de cumprir o serviço público", vincou.
A 18 de Setembro, o consórcio Newtour/MS Aviation avisou que está a aguardar uma "decisão definitiva" dos trabalhadores sobre o futuro da Azores Airlines, já que as negociações com a administração "estão próximas do desfecho".
Paulo Raimundo voltou a insistir nas críticas ao pacote laboral do Governo, avisando que os comunistas "não se conformam".
"Não nos conformamos com este pacote laboral que querem impingir aos trabalhadores que é para acrescentar ainda mais precariedade à precariedade e mais desregulação ao horário de trabalho", reforçou.
O secretário-geral do PCP salientou ainda que os Açores não podem ser transformados num "resort turístico".
"Querem transformar os Açores num resort turístico. Não. Temos condições para ter um setor turístico, é verdade, mas não queremos ser transformados num resort turístico. É uma região autónoma com condições específicas, mas que pode e deve produzir mais", defendeu.
Referindo-se à situação em Ponta Delgada, Paulo Raimundo reiterou que o "povo precisa de ter habitação digna" e apelou ao combate contra os "grandes interesses".
"Enquanto não enfrentarmos os grandes interesses deste direito transformado em negócio que é a habitação, nomeadamente a banca e fundos imobiliários, não vale a pena nos iludirmos. Não se vai conseguir resolver os problemas".
Na sessão, o líder do PCP na região acusou o Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) de fazer uma "politica de faz de conta e dos estudos", já que quando é "preciso dar resposta aos problemas", o executivo regional só apresenta o "bla, bla bla do costume".
"Temos um governo que governa em função de uma minoria para se manter no poder", atirou Marco Varela.
Já o candidato da CDU à Câmara de Ponta Delgada denunciou os problemas sociais no arquipélago como um "nível de pobreza alarmante", uma "persistência do abandono escolar", "desigualdades" e a "marginalização dos mais velhos".
"Mudar significa mudar o ciclo de pobreza e exclusão que tem aprisionado os Açores, devolvendo centralidade ao trabalho digno em vez da exploração, assegurando habitação acessível em vez de rendas que asfixiam as famílias", afirmou Henrique Levy.
As eleições autárquicas estão marcadas para 12 de outubro.
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